Estados Unidos: eleições e populismo

Nos últimos tempos, não têm faltado os avisos de que Donald Trump pode vencer as próximas eleições americanas. Trata-se de avisos que eram impensáveis há dois anos atrás, tantos foram, na primeira metade do seu mandato, os erros diplomáticos, os avanços e recuos do presidente e ainda as suas gafes.

Por António José da Silva

E tão repetidos foram os ataques e críticas à sua pessoa dentro e fora dos Estados Unidos, que se criou mesmo a convicção generalizada de que ele não teria qualquer hipótese de vencer as próximas eleições presidenciais.

O recente aviso, feito por alguns analistas, de que afinal Donald Trump poderá levar mais quatro anos de mandato na Casa Branca veio aumentar os receios de muita gente relativamente ao futuro próximo daquele país. campanha eleitoral. A hipótese de a maioria dos norte-americanos elegerem um presidente com as suas características não passa pela cabeça de uma grande parte daqueles que acompanham com alguma atenção a vida do mundo. Não passa pela cabeça desses, mas pode passar pela cabeça de muitos dos eleitores norte-americanos.

Acreditamos que a democracia é sempre o melhor dos sistemas que regulam a organização de qualquer comunidade, sobretudo no que respeita à conquista do poder e à sua utilização. E acreditamos que, se não é o melhor dos sistemas, a democracia é, de certeza, o menos mau desses sistemas, isto para usar uma expressão muito conhecida. Acreditamos também que as eleições constituem, por sua vez, a expressão mais visível e concreta de qualquer sistema democrático, apesar dos problemas que podem afectar a sua realização e desvirtuar os seus resultados, com todas as consequências sociais que se conhecem como aconteceu na Bolívia.

O problema é que na hora de votar, os eleitores pensam prioritariamente nos seus interesses imediatos ou de longo prazo, sobretudo nos primeiros. Também sabemos que, em eleições presidenciais, a personalidade do candidato e o seu grau de empatia com os eleitores constituem, os factores que mais pesam na escolha dos eleitores, mas o primeiro critério de opção é, para muitos e quase sempre, a promessa de satisfação dos seus interesses imediatos. Foi assim que Trump venceu as eleições de 2016 com a utilização simplista do slogan “ A América primeiro”. O slogan, que foi adaptado e também largamente utilizado noutros países, ajuda a perceber a vaga de populismo que se estendeu um pouco por toda a parte com o êxito que se conhece Ora, como nada deixa perceber que Trump venha a abandonar esta mesma estratégia simplista, os receios de que ele possa vencer as próximas eleições não são de todo infundados.