Todos “aqui” nascemos

Foto: João Lopes Cardoso

Este é o lema que a Diocese do Porto nos propõe para a vivência do tempo de graça que se aproxima e que nos conduzirá ao Natal e à Epifania: «Todos aqui nascemos!». «Aqui» – Onde? No «presépio» de Jesus. De que modo? Explicava São Leão Magno: o corpo faz anos no mesmo dia da cabeça! E nós somos membros do Corpo de Cristo.

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

Celebrar o Natal de Jesus é reviver o nosso (re)nascimento como membros de Cristo. Mas nós (re)nascemos como membros de Cristo na Pia Batismal, na Matriz da Igreja, nossa Mãe! Assim foi! Quer dizer que há uma forte relação, quase identificação, entre o Presépio de Jesus e a Pia Batismal da Igreja. A caminhada deste ano convida­‑nos a redescobrir e revalorizar, neste tempo, o nosso Batismo.

Diga-se, de passagem, que foi este nexo entre Batismo e Natal que tornou possível transformar uma mera festa de calendário (um aniversário) numa celebração mistérica/sacramental. No Natal não nos limitamos a comemorar o «aniversário» (convencional) de Jesus: celebramos um Mistério de salvação cuja presença e eficácia salvífica nos é oferecida nos sinais sagrados da liturgia. «Hoje», o Filho eterno de Deus tornou-se filho de Adão para tornar participantes da sua filiação divina os seus irmãos humanos. O seu presépio é o princípio e fundamento perene do nosso próprio nascer como filhos de Deus nas águas do Batismo.

São Leão Magno, o grande «teólogo do Natal» (e da Liturgia) tem textos inspiradores a este respeito: “Enquanto adoramos o nascimento do nosso Salvador, celebramos realmente também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão; o Natal da cabeça é também o natal do Corpo. Embora cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, contudo, a totalidade dos fiéis, nascida na fonte do batismo, assim como foram crucificados com Cristo na sua Paixão, ressuscitados na sua Ressurreição, colocados à direita do Pai na sua Ascensão, assim também nasceram com Ele neste Natal” (São Leão Magno, Sermão 6 no Natal do Senhor).

A fonte de vida que [o nosso Redentor]  tomou no seio da Virgem, pô-la na fonte do batismo; deu à água o que tinha dado a sua Mãe: porque o poder do Altíssimo e a sombra do Espírito Santo, que fez com que Maria desse ao mundo o Salvador, fazem com que a água regenere a quem crê” (Sermão 5 no Natal do Senhor).

O plano diocesano oferece sugestões criativas e enriquecedoras para ajudar a viver esta ligação entre Natal e Batismo, Batistério e Presépio. Refiro algumas:

– a proposta de nas famílias se preparar a coroa de Advento com as velas do Batismo ou, em alternativa, por velas comuns «etiquetadas» com a data do Batismo dos membros da família;

– a sugestão de, na Igreja, acender as velas da coroa a partir da chama do círio pascal (que neste tempo deverá estar no Batistério; se a coroa de advento fica afastada do Batistério, um acólito poderá acender uma vela na sua chama e trazer essa luz para junto da coroa para dela se acender(em) a(s) vela(s) de cada semana durante a oração preparada para esse efeito;

– Outro elemento bem valorizado é o da «árvore» de Natal: sugere-se que seja uma videira (ligação ao Plano Diocesano de Pastoral que ostenta esse o logótipo) e poderia estender-se, se o espaço da Igreja o permitir, entre o presépio e a Pia Batismal. Nos seus ramos poderiam suspender-se folhas e outros adereços devidamente ilustrados que ajudem a viver a memória do Batismo, trazidos por crianças da catequese que, assim, seriam envolvidas na caminhada, ou por famílias e outros grupos da Comunidade (coros, acólitos, leitores, jovens, Conferência Vicentina, zeladores, etc.). Nas casas de família, é sugerido colocar nas raízes os nomes dos avós, no tronco os nomes dos pais, nos ramos o nome dos filhos. Em vez dos nomes podem ser fotografias, se possível, com a data do respetivo Batismo…

A solenidade da Imaculada Conceição no 2º Domingo de Advento

Transcrevemos a seguinte nota do «sítio» na INTERNET do Secretariado Nacional de Liturgia: «Segundo a ordem de precedência indicada na tabela dos dias litúrgicos, os Domingos do Advento têm precedência sobre todas as solenidades, devendo aquelas que ocorrem nesses domingos ser transferidas para a segunda-feira seguinte. É o que deveria acontecer este ano com a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.

Porém, pelo significado desta solenidade em Portugal, a Comissão Episcopal de Liturgia obteve da Congregação do Culto Divino permissão para a celebrar no dia próprio, 8 de Dezembro, com as seguintes condições: 1) «que, na Missa, a II Leitura seja a do domingo II do Advento; 2) que se faça menção deste domingo na homilia; 3) que a oração conclusiva da oração dos fiéis seja a oração colecta do mesmo domingo».