No final da manhã deste domingo o Papa Francisco visitou o Museu e Monumento dos Mártires, uma obra projetada pelo arquiteto japonês Kenji Imai, inspirada na Sagrada Família de Barcelona de Gaudì.
Este monumento foi inaugurado a 10 de junho de 1962 para comemorar o centenário da canonização dos vinte e seis mártires do Japão, um grupo de cristãos que foram crucificados neste mesmo local em 1597 durante a perseguição ao cristianismo.
Recordemos que o Papa Francisco tinha o sonho de jovem jesuíta de ser missionário no Japão.
Ao Papa foi entregue uma vela à entrada do monumento por um dos descendentes dos cristãos perseguidos.
Nas palavras que proferiu, o Santo Padre começou por revelar estar “ansioso” que chegasse aquele momento para ali poder estar como “peregrino” para “rezar, confirmar e também ser confirmado na fé por estes irmãos, que nos mostram o caminho com o seu testemunho e dedicação” – disse o Santo Padre lembrando S. Paulo Miki e os seus companheiros mortos em finais do século XVI.
Francisco afirmou que aquele monumento fala do “triunfo da vida” que anuncia a Páscoa “através do martírio” que é fonte profunda de inspiração” para que “não esqueçamos o amor da sua entrega” – sublinhou o Papa.
O Santo Padre evocou também os mártires do século XXI “que nos interpelam com o seu testemunho” e ergueu a sua voz contra a “manipulação das religiões” por “políticas de integralismo e divisão”:
“Rezemos por eles e com eles, e ergamos a voz para que a liberdade religiosa seja garantida a todos nos vários cantos do planeta; e ergamos a voz também contra toda a manipulação das religiões «pelas políticas de integralismo e divisão, pelos sistemas de lucro desmesurado e pelas tendências ideológicas odiosas, que manipulam as ações e os destinos dos homens” (Documento sobre a fraternidade humana, Abu Dhabi, 4/II/2019).
O Japão foi evangelizado por S. Francisco Xavier no século XVI a pedido da Coroa Portuguesa. Os portugueses foram expulsos em 1639. Em 1867 foram beatificados 205 mártires do Japão, entre os quais sete portugueses.
A partir do século XVII os cristãos no Japão entraram na clandestinidade até à segunda metade do século XIX. Foi o tempo dos cristãos escondidos que de geração em geração transmitiram a fé até aos dias de hoje.
Atualmente os católicos no Japão são 536 mil, menos de 1% da população. Reúnem-se em 859 paróquias. Servem-nas 29 bispos.