Japão: Papa defende abolição das armas nucleares

Muito importante o momento vivido neste domingo pelo Papa Francisco em Nagasaki no segundo dia da sua visita ao Japão. Ao visitar esta cidade, o Santo Padre prestou homenagem às vítimas das bombas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial. Francisco foi acolhido por dois sobreviventes desse terrível evento de metade do século XX. Esteve no Hipocentro da Bomba Atómica no interior do Memorial da Paz da cidade nipónica. Recolheu-se num breve momento de oração.

No seu discurso, o Papa sublinhou o horror do sofrimento causado pelas armas nucleares, como documentam recentes “descobertas na Catedral de Nagasaki”.

Francisco afirmou que a posse de armas “não é a melhor resposta” para a paz e estabilidade internacional que não se constroem através do “medo” – assinalou.

O Santo Padre ergue a sua voz “contra a corrida aos armamentos” e apelou a um futuro de paz que “requer a participação de todos: as pessoas, as religiões, a sociedade civil, os Estados que possuem armas nucleares e os que não as possuem, os setores militares e privados, e as organizações internacionais” – disse o Papa.

Francisco referiu o perigo das novas tecnologias de armamento e declarou a necessidade de se romper com a desconfiança que prevalece na política internacional:

“É necessário romper a dinâmica de desconfiança que prevalece atualmente e que faz correr o risco de se chegar ao desmantelamento da arquitetura internacional de controlo dos armamentos. Estamos a assistir a uma erosão do multilateralismo, agravada ainda mais com o desenvolvimento das novas tecnologias das armas; esta abordagem é bastante incoerente no contexto atual caraterizado pela interconexão e constitui uma situação que requer atenção urgente e dedicação por parte de todos os líderes” – declarou.

Francisco afirmou o empenho da Igreja Católica na promoção da paz, recordou o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares e o apelo dos bispos do Japão em julho passado sobre a abolição das armas nucleares. Reafirmou a força da oração, da “busca incansável de promover acordos” e de insistir no “diálogo” como autênticas “armas” pela paz. E pediu aos líderes políticos para não se esquecerem de que as armas nucleares não defendem das ameaças à segurança:

“Que a oração, a busca incansável de promover acordos, a insistência no diálogo sejam as «armas» em que deponhamos a nossa confiança e também a fonte de inspiração dos esforços para construir um mundo de justiça e solidariedade que forneça reais garantias para a paz. Com a convicção de que é possível e necessário um mundo sem armas nucleares, peço aos líderes políticos para não se esquecerem de que as mesmas não nos defendem das ameaças à segurança nacional e internacional do nosso tempo” – afirmou.

No final do seu discurso o Papa Francisco propôs a Oração de S. Francisco de Assis “pelo triunfo duma cultura da vida, da reconciliação e da fraternidade”.

(RS)