O primeiro discurso do Papa Francisco em Banguecoque foi na sede do Governo da Tailândia. Um país aonde os missionários portugueses chegaram em 1567.
Primeiro foi o encontro em privado com o primeiro-ministro general Prayuth Chan-ocha, antigo presidente da Junta Militar, e que venceu as eleições deste ano. Após um breve encontro privado o Papa esteve com as autoridades, os membros do corpo diplomático e representantes da sociedade tailandesa.
No seu discurso o Papa começou por assinalar os desafios globais do mundo que “envolvem toda a família humana” e exigem esforços “em prol da justiça internacional e da solidariedade entre os povos”.
Francisco saudou as “antigas tradições espirituais e culturais” da Tailândia, “nação multicultural e caraterizada pela diversidade” e lembrou a criação neste país de uma Comissão Ético-Social:
“Congratulo-me com a iniciativa de criar uma «Comissão Ético-Social», na qual convidastes a participar as religiões tradicionais do país a fim de acolher as suas contribuições e manter viva a memória espiritual do vosso povo”.
“Esta terra tem como nome liberdade” – recordou o Papa afirmando a necessidade de serem superadas as desigualdades através do acesso à saúde, ao trabalho, à educação:
“… é necessário trabalhar para que as pessoas e as comunidades possam ter acesso à educação, a um trabalho digno, à assistência sanitária, e assim alcançar os níveis mínimos indispensáveis de sustentabilidade que tornem possível um desenvolvimento humano integral” – disse Francisco.
Espaço no discurso do Papa para falar sobre a crise migratória, apontando que cada nação deve “proteger a dignidade e os direitos dos migrantes e refugiados, que enfrentam perigos, incertezas e exploração”.
“Não se trata apenas de migrantes, trata-se também da fisionomia que queremos dar às nossas sociedades” – frisou o Papa.
Muito importante a referência de Francisco às vítimas de escravidão e abuso, especialmente as mulheres e as crianças:
“… penso nas mulheres e nas crianças de hoje que são particularmente feridas, violentadas e expostas a todas as formas de exploração, escravidão, violência e abuso”.
No final do seu discurso o Papa assinalou que as sociedades precisam de “artesãos da hospitalidade” que “cuidem do desenvolvimento integral dos povos”.
“… hoje mais do que nunca as nossas sociedades precisam de artesãos da hospitalidade, homens e mulheres que cuidem do desenvolvimento integral de todos os povos, no seio duma família humana que se empenhe a viver na justiça, solidariedade e harmonia fraterna”.
(RS)