Gaza: paz ainda mais distante

O conflito no Médio Oriente voltou, nos últimos dias, às primeiras páginas dos noticiários de âmbito internacional, e mais uma vez devido a problemas com origem na chamada Faixa de Gaza.

Por António José da Silva

Trata-se de uma estreita parcela de terra situada a oeste de Israel na fronteira com o Egipto, e que foi ocupada pelas forças judaicas na sequência da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Pobre e superpovoada, acabou por se transformar num terreno propício ao crescimento de movimentos radicais, com particular destaque para o Hamas, e dentro desta organização, para a Jihad Islâmica.

Na altura em que Israel desistiu da sua ocupação em 2005, por força da pressão internacional e mesmo de alguns grupos judaicos mais pacifistas, foram muitos os israelitas que se manifestaram contra o que consideraram uma cedência perigosa. E não se enganaram muito, porque Gaza tornou-se, rapidamente, num problema para a segurança do país, sobretudo a partir do momento em que o Hamas assumiu a liderança política e governativa daquele território em 2007.

De então para cá, Israel fez sempre questão de tornar claro que a sua “cedência” tinha sido apenas parcial. Geograficamente, a Faixa de Gaza está isolada do resto do território palestiniano, e não tendo acesso ao mar, sujeita-se a sofrer as consequência de um cerco que, além de impedir a livre circulação dos seus habitantes para fora do território, pode condicionar perigosamente o abastecimento de bens essenciais para a sua sobrevivência, como são os bens alimentares e os produtos farmacêuticos. Assim sendo, as autoridades israelitas podem decidir quais os momentos mais oportunos para tornar claro quem manda realmente naquele território.

Para responder a esta situação, os líderes radicais islâmicos, com o apoio do Irão, decidiram-se pela abertura de túneis espalhados um pouco por todo o seu território e, através deles, fazerem passar os tais bens essenciais, mas sobretudo as amas necessárias à guerra contra Israel, entre as quais se contam os mísseis com que se propõem atingir o território inimigo. A utilização destes mísseis tornou-se demasiado frequente e ameaçadora para os judeus, e estes respondem com ataques aéreos que, aparentemente, fazem mais vítimas entre os palestinianos do que os mísseis lançados para o território israelita.

Acontece que esta guerra aérea fez, nos últimos dias, uma vítima muito importante para os palestinianos. O líder militar do norte da Faixa de Gaza, Abu al Ata, foi morto em casa com a sua mulher num ataque cirúrgico feito pelo ar, e a reacção do Hamas foi suficientemente ameaçadora para tornar ainda mais difícil a chegada da Paz àquele território.