Domingo I do Advento

Foto: Rui Saraiva

1 de Dezembro de 2019 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Isaías                                  Is 2,1-5

«Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor»

 

Salmo Responsorial                                             Salmo 121 (122)

Vamos com alegria para a casa do Senhor.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos         Rom 13,11-14

«Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz»

 

Aclamação ao Evangelho           Salmo 84,8

Aleluia. Repete-se

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia

e dai-nos a vossa salvação.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                        Mt 24,37-44

«Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem»

«Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.»

 

Viver a Palavra

«Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé». A urgência do tempo que passa convida-nos a colocar os pés ao caminho, a despertar da letargia que tantas vezes nos envolve e a abraçar a fé com redobrado vigor e renovada esperança.

Com este primeiro Domingo de Advento abre-se diante de nós um novo Ano Litúrgico e com ele a celebração do único Mistério de Cristo ao ritmo dos Tempos Litúrgicos, nas Solenidades e Festas do Senhor, na veneração da Virgem Santa Maria e dos Santos. Iniciar uma etapa nova é sempre ocasião para dar graças a Deus pelo dom do tempo que nos é oferecido como oportunidade de sermos mais e melhor, mas também tempo para estabelecer propósitos e compromissos. Por isso, louvemos o Senhor pelas maravilhas que Ele opera na nossa história e pensemos naquilo que nos queremos propor e comprometer neste percurso que somos chamados a percorrer na celebração dos mistérios da nossa fé.

«Vamos com alegria para a casa do Senhor». Somos convidados pelo salmista a caminhar na alegria e na esperança este tempo de Advento. O Senhor vem! Esta esperança é uma certeza, pois Ele veio, vem e virá. Já veio na humildade e na fragilidade da nossa natureza, assumindo a nossa humanidade no recém-nascido do presépio de Belém. Vem, porque em cada dia não cessa de vir ao nosso encontro e de operar as maravilhas do Seu amor. Virá no esplendor da Sua glória, como proclamamos no Credo da nossa fé, para instaurar os novos céus e a nova terra.

Alegremo-nos e exultemos porque o Senhor vem. Façamo-lo com a vigilância a que nos desafia Jesus no Evangelho: «Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor». É muito curioso o modo como Jesus se dirige aos seus discípulos no início do Evangelho: «Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou». Aparentemente nada vemos de mal: comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento. Não se fala de maldade nem violência, mas há um pormenor que não nos pode escapar: «não deram por nada». Jesus alerta-nos para o perigo da indiferença. Não basta não fazer o mal, não podemos viver indiferentes, devemos ter os olhos e o coração abertos ao mundo à nossa volta e agir em conformidade com os desafios que nos são colocados. Por isso, tempo de Advento é tempo de vigilância, tempo «de nos levantarmos do sono», tempo de despertar para viver animados pela verdadeira esperança que está fundada na fidelidade de Deus mas que implica também a nossa responsabilidade.

«Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos, e nós andaremos pelas suas veredas». Caminhemos animados pela esperança que nasce do encontro com Deus e que abre diante de nós caminhos novos onde a Sua Palavra são a luz que orienta os nossos passos tantas vezes vacilantes e titubeantes.

Atentos e vigilantes queremos despertar do sono, pois não esperamos um ladrão que vem para roubar, mas o Deus das surpresas que nada tira mas tudo potencia e nos cumula de dons e de graças. Mas se queremos viver esta atitude de espera vigilante, haveremos de o fazer como humanamente o fazemos tantas vezes, preparando a casa para aquele que queremos acolher. Que o tempo de Advento seja tempo de preparar o coração para acolher o Deus que vem para fazer dos nossos corações lugares de irradiação do Seu amor e da Sua graça.

 

Homiliário patrístico

Do Comentário de Santo Efrém, diácono,

sobre o Diatéssaron (Séc. IV)

Vigiai, porque o Senhor virá de novo

Para impedir que os discípulos O interrogassem sobre o momento da sua vinda, Cristo disse: Essa hora ninguém a conhece, nem os Anjos nem o Filho. Não vos compete saber os tempos e os momentos. Quis ocultar-nos isto, para que permaneçamos vigilantes e para que cada um de nós possa pensar que este acontecimento se dará durante a nossa vida. Se tivesse sido revelado o tempo da sua vinda, esta tornar-se-ia um acontecimento sem interesse e sem esperança para muitos séculos e nações. Disse muito claramente que virá, mas sem precisar o momento; e assim, todas as gerações e todos os séculos O esperam ardentemente.

Vigiai, porque, quando o corpo dorme, é a natureza que nos domina, e não é a vontade que dirige a nossa actividade, mas o impulso da natureza. E quando recai sobre a alma um pesado torpor, como, por exemplo, a pusilanimidade ou a tristeza, é o inimigo quem a domina e a conduz contra a sua própria vontade. A força domina a natureza e o inimigo domina a alma.

Por isso, a vigilância que o Senhor prescreveu dirige-se ao corpo e à alma: ao corpo, para que se liberte da sonolência, e à alma, para que se liberte da indolência e pusilanimidade, como diz a Escritura: Sede vigilantes, ó justos; e, também: Levantei-me e ainda estou contigo; e, ainda: Não desanimeis. Por isso não desfalecemos no ministério que nos foi confiado.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. A Equipa Pastoral da Diocese do Porto propõe para este tempo de Advento e Natal uma caminhada diocesana intitulada: «Todos aqui nascemos!». Esta proposta de caminhada diocesana permite colocar-nos em caminho sinodal neste tempo de Advento e Natal em sintonia com o tema do nosso Ano Pastoral «Como os Ramos na Videira». Neste itinerário, a simbologia baptismal proporciona uma vivência renovada do Natal na Igreja e na Família. Deste modo, cada comunidade deve procurar de modo criativo adaptar esta caminhada à sua comunidade e encontrar formas de levar às famílias esta proposta para que possam vivê-la em sintonia com a comunidade paroquial. Neste sentido, é necessário encontrar formas de saída missionária, para chegar a todas as famílias da comunidade, mesmo aquelas que por vários motivos não frequentam a vida da comunidade.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura, embora não apresente nenhuma dificuldade aparente nas suas palavras e expressões, requer uma boa preparação para que a proclamação deste texto seja marcado pelo anúncio de esperança e pela promessa messiânica que nele está contido. Na segunda leitura, deve ter-se em atenção as descrições com enumerações e o tom exortativo marcado pela presença de formas verbais no imperativo.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: A Vós, Senhor, elevo a minha alma – F. Santos (CN 163); Acender da vela da Coroa de Advento: Estai preparados – F. Santos (CN 428); Salmo Responsorial: Vamos com alegria – C. Silva (CN 984); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor – F. Santos (BML 33); Ofertório: Rorate caeli desuper (Greg.) (CN  867); Comunhão: O Senhor nos dará a felicidade  – F. Santos (CN 738); Final: Vinde, vinde, não tardeis, Senhor – M. Luís (CN 1013).