Nas catacumbas

Um novo pacto das catacumbas pela “Casa Comum” foi subscrito por várias dezenas de padres sinodais – e com a assinatura de representantes da comunhão anglicana e outras igrejas -, titulado “Por uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana”.

Por Joaquim Armindo

Recordando o Pacto de Santa Domitila, após o Concílio do Vaticano II onde se apelava uma igreja servidora e pobre, escrevem – agora – sobre a necessidade de um sistema livre da violência da economia predatória e consumista. Assumem o compromisso de defender a liberdade dos territórios contra a ameaça do aquecimento global e da exaustão dos recursos naturais, reconhecendo que não são donos da mãe terra, mas seus filhos e filhas, hóspedes e peregrinos e zelosos cuidadores e cuidadoras. Por isso assumem a responsabilidade de uma “ecologia integral”, para acolher e renovar a aliança de Deus com todo o criado, com todos os seres vivos aves, animais domésticos e selvagens. (Génesis 9, 9-10 e 12-17). Para tal abandonam nas suas paróquias, dioceses e grupos, as mentalidades colonizadoras, que não favorecem as terras, as culturas, as línguas, as histórias, as identidades e as espiritualidades dos povos.

No Pacto agora celebrado é reconhecido que o caminho ecuménico com outras comunidades cristãs para anunciar o evangelho de forma insculturada e libertadora, e com outras religiões e pessoas de boa vontade, dará substância à solidariedade com os mais pobres e pequenos, na defesa e na preservação da Casa Comum. Irão instaurar nas suas igrejas particulares a “vida sinodal”, fazendo com que todas e todos, em razão do seu batismo, possam ter voz e voto nas suas assembleias diocesanas. Reconhecem o papel dos agentes de pastoral, mormente as mulheres e asseguram uma “pastoral de presença” em vez de uma “pastoral de visita”, para tal a Mesa Eucarística, que une o céu e a terra, tem de ser uma presença quotidiana. Ela é “um ato de amor cósmico”, porque qualquer eucaristia celebrada numa pequena aldeia, faz parte sempre do “altar do mundo”.

Tenho escrito que a “Amazônia” também é o nosso pequeno Portugal e que este sínodo se dirige a todos nós, assim o queiramos, dado que o Senhor quer!