10 de Novembro de 2019
Indicação das leituras
Leitura do Segundo Livro dos Macabeus 2 Mac 7, 1-2.9-14
« Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis».
Salmo Responsorial Salmo 16 (17)
«Senhor, ficarei saciado, quando surgir a vossa glória».
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses 2 Tes 2, 16 – 3, 5
«O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança».
Aclamação ao Evangelho Ap 1,5a.6b
Aleluia.
Jesus Cristo é o Primogénito dos mortos.
A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Lc 20, 27-38
«Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus que negam a ressurreição».
«Que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente».
«Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
Viver a Palavra
Contemplando o transcorrer do tempo, nas folhas caídas das árvores e na paisagem outonal que nos envolve, em pleno mês de Novembro, onde a piedade popular nos convida a recordar os nossos familiares e amigos que já partiram, celebramos o XXXII Domingo do Tempo Comum, que entre olhares e sentimentos mais nostálgicos, nos desafia a fazer irromper a certeza da vida que tem de ecoar no coração da humanidade.
No mais íntimo do coração de cada homem e de cada mulher reside o desejo de uma vida em plenitude, uma vida cheia de sentido e prenhe de um horizonte de realização e felicidade. Muitas vezes, este desejo confunde-se com a ânsia imoderada de prolongar indefinidamente a vida sobre a terra e de nos imortalizarmos com fórmulas estéticas de perene juventude. Todavia, Jesus quer levar-nos mais longe e conduzir-nos ao cerne da vida verdadeira que só o Deus do Amor e da Vida nos pode oferecer. Na verdade, a nossa fé na ressurreição não é fruto da necessidade de existirmos para além da morte, mas a certeza daquilo que Deus é: «vida em abundância». A nossa fé na ressurreição brota precisamente da descoberta de um Deus que gera vida, que cria e recria a partir do amor e, por isso, «não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
A narrativa do Segundo Livro dos Macabeus testemunha a heroicidade e a fé no Deus vivo daqueles sete irmãos presos juntamente com sua mãe. Nem a «força de golpes de azorrague e de nervos de boi» foram suficientes para os demover da sua inabalável certeza: «o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis».
Esta certeza da vida que brota de Deus é levada à plenitude em Jesus Cristo, Aquele que se levantou vitorioso do túmulo na manhã de Páscoa. Diante dos saduceus, que interpelam Jesus com aquele episódio quase anedótico da mulher que desposa os sete irmãos, Ele é objectivo e preciso: a vida eterna, a vida plena e cheia de sentido, não é apenas um decalcar da nossa vida sobre a terra, não é uma mera revivificação ou uma reanimação, é a RESSURREIÇÃO, que é o mesmo que dizer uma vida absolutamente nova inserida num horizonte de realização e felicidade que transcende os nossos conceitos e esquemas para nos colocar diante do Deus que é absoluta novidade e imenso mistério de vida e amor.
A história contada pelos saduceus é a história de uma paternidade sete vezes falhada, de vida não transmitida que, por oito vezes, desemboca na morte. Por seu lado, a história que Jesus conta é a história da vida verdadeira de Deus, vida transmitida e oferecida em abundância, dada pelo Deus vivo e Deus dos vivos, Paternidade não falhada, mas concretizada no tempo e na história pela força do Espírito Santo, Senhor que dá a vida.
Negar a ressurreição é negar a vida e equivale a negar a própria existência de Deus: «se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã é também a vossa fé» (1 Cor 15,14). Se Abraão, Isaac e Jacob estão vivos não é pelo facto de terem desposado mulheres e gerado filhos, mas porque são filhos do mesmo Deus, herdeiros da vida de Deus, participantes deste novo dinamismo de vida e amor onde «nem se casam nem se dão em casamento», mas «são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus».
Homiliário patrístico
Dos Sermões de Santo Anastácio, bispo de Antioquia (Séc. VI)
Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. Mas Deus não é Deus dos mortos mas dos vivos. Portanto, os mortos, sobre quem domina Aquele que voltou à vida, já não são mortos mas vivos; domina sobre eles a vida, para que vivam sem jamais recear a morte, tal como Cristo ressuscitou dos mortos e não morrerá jamais.
Assim, ressuscitados e libertos da corrupção, não tornarão a sofrer a morte, mas hão-de participar da ressurreição de Cristo, como Cristo participou da morte que sofreram. Cristo não desceu à terra senão para quebrar as portas de bronze e despedaçar as trancas de ferro, que desde o início prendiam o homem, e para nos atrair a Si, livrando da corrupção a nossa vida e convertendo em liberdade a nossa escravidão. E se este desígnio divino nos parece ainda incompletamente realizado – pois os homens continuam a morrer e os corpos a dissolverem-se na corrupção – ninguém veja nisso qualquer obstáculo para a fé. De facto, já recebemos o penhor de todos os bens prometidos, porque, mediante as primícias da nossa natureza que Cristo elevou consigo ao mais alto dos Céus, estamos já sentados com Ele nas alturas, como diz São Paulo: Ressuscitou-nos com Cristo e com Ele nos fez sentar no alto dos Céus.
Indicações litúrgico-pastorais
- De 10 a 17 de Novembro decorre em Portugal a Semana dos Seminários com o tema inspirado na Exortação Pós-Sinodal Christus Vivit: «O Senhor não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser» (CV 289). A Comissão Episcopal Vocações e Ministérios já disponibilizou online os vários subsídios de apoio para esta semana (sites.ecclesia.pt/ss2019/): uma pagela de oração, o guião, a mensagem para esta semana, os Mistérios do Terço, uma vigília de oração, preces para oração universal, uma actividade para a catequese da infância e para a adolescência e a partitura e um ficheiro áudio com o hino para esta semana. Cada comunidade paroquial é chamada a dinamizar de diferentes formas e nos mais diversos momentos comunitários esta importante dimensão da acção pastoral da Igreja.
- Para os leitores: na primeira leitura é necessário ter em atenção a pronunciação das palavras «azorrague» (azorrágue) e «ressuscitar-nos-á». Além disso pede-se especial cuidado para as frases mais longas, as frases interrogativas e a convicção presente no discurso directo de cada um dos irmãos. A segunda leitura é um texto aparentemente fácil mas que exige uma acurada preparação nas pausas e na articulação das diversas frases e orações. Chama-se a atenção para a palavra «perseverança» que frequentemente é mal pronunciada, pois o “s” deve ler-se como “s” e não “z”.
Sugestões de cânticos
Entrada: Chegue até Vós, Senhor – F. Santos (CN, p.295); Salmo Responsorial: Senhor, ficarei saciado quando surgir a vossa glória (Sl 16) – M. Luís (SRML, p. 326-327); Aclamação ao Evangelho: Aleluia II. Jesus Cristo é o Primogénito dos mortos – Berthier (CN, p. 45); Ofertório: Eu sou a ressurreição e a vida – A. Mendes (CN, p. 445; Comunhão: O Cordeiro de Deus é o nosso pastor – C. Silva (CN, p.674); Final: Como os Ramos na Videira – J. J. Ribeiro (Hino para o triénio pastoral 2019/2020 – Site da Diocese do Porto).