Sinodo Amazónico: um caminho ecuménico

O Sínodo Amazônico é também um caminho ecuménico. Apontaria três razões para tal. Uma primeira que é a reconciliação da Igreja de várias tradições religiosas, consigo mesma. Uma segunda a reconciliação das Igrejas cristãs com todos os outros que “acreditam que não acreditam”, naquele Jesus que nós cristãs e cristãos temos apresentado. E a terceira, uma reconciliação com a Terra, a Criação.

Por Joaquim Armindo

Uma tríade do ecumenismo que tem sido tratada ao longo de muitas décadas, mas que tantas vezes nos esquecemos. A mensagem do filho do carpinteiro, Jesus de Nazaré, Deus encarnado, é, na sua morte e ressurreição, esta reconciliação. Fugir disto e tantas vezes determinando “dogmas”, nem é sinodalidade, nem é ecumenismo. A escuta permanente dos gritos da Terra e de tantos dos seus cuidadores, não se compadece com ritualismos desapegados das verdadeiras Tradições dos povos. Nem, tão pouco, de azáfamas de inaugurações para “povo ver”. As verdadeiras inaugurações estão numa “igreja em saída”, sem clericalismos, sinodal e abjurando tantas “sacristias” que servem de refúgio aos nossos poderes. Falo em “sacristias” que são todas, mesmo aquelas que todas e todos forjamos nas nossas mentes.

O Sínodo Amazônico – e outros sínodos que têm acontecido -, apresenta uma Igreja aberta à sinodalidade, aos tempos presentes e de futuros promissores. Enganam-se quantos põem dúvidas sobre este caminhar, mas é assim que se vai construindo a reconciliação das igrejas, tão desavindas, e se queremos “culpar” alguém, é a nós, e não ao Espírito do Senhor que sopra onde, quando e como quer. A sinodalidade é um produto da ação do Espírito do Senhor atuando e que chama as mulheres e os homens a viveram em paz, que não existe sem justiça, e a serem construtores e descobridores do Reino. Todos o podem fazer, mesmo que sejam como Moisés, sem jeitinho nenhum para falar.

A escuta do papa Francisco – ou como ele gosta, do bispo de Roma – é de muita Fé, e de reconciliação entre tradições cristãs ou não e de reconciliação ecuménica com a Terra, isto é, com os ecossistemas planetários, que não sabemos quando começaram, nem quando acabam. O sínodo é esta escuta ativa e permanente. A reconciliação é urgente e se não foi “ontem” que seja “hoje”.