
Os curdos constituem um povo a quem, no rescaldo da primeira guerra mundial, as potências vencedoras prometeram um lugar na comunidade internacional como estado livre e independente, eles que tinham o seu habitat ao longo de um vasto território onde conservavam a sua língua e guardavam a sua cultura. A promessa foi feita pelo Tratado de Sèvres em 1918, mas dois anos depois, a promessa estava esquecida. Pelo Tratado de Lausanne, o território dos curdos foi dividido entre o Iraque, a Turquia, a Síria e o Irão, países onde têm sofrido, mais ou menos ciclicamente, o estigma de perigosas minorias.
Foi no Iraque de Saddam Hussein que eles estiveram sujeitos aos maiores perigos da sua história recente, mas é nesse mesmo país que usufruem agora de uma relativa autonomia, certamente porque ajudaram o governo de Bagdad a defender-se das loucuras do chamado “estado islâmico”. O contributo dos curdos para a guerra internacional contra os extremistas do DAESH foi aliás reconhecido pelos países que mais ativamente participaram na luta contra estes islamitas fanáticos, mas tudo parece indicar que esse contributo vai ser esquecido rapidamente, a começar pelos Estados Unidos. O presidente norte-americano, por exemplo, afirmou recentemente, na sua habitual linguagem truculenta, que eles já tinham recebido paga suficiente em dinheiro e em armas.
Ora acontece que no conjunto da diáspora de milhões de curdos espalhados pelo mundo, dezoito desses milhões vivem no território da Turquia, formando ali uma comunidade própria que não se cansa de reivindicar um estatuto que tenha em conta não só a sua identidade histórica e cultural, mas também os seus direitos políticos. Na frente da luta por estas reivindicações, está o PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que as autoridades de Ankara e alguns países classificam de terrorista. De qualquer modo, foi a prioridade do combate ao chamado estado islâmico que evitou, pelo menos até há pouco, o isolamento total da nação curda.