A política e o mau uso das redes sociais

Há já algum tempo que é visível o impacto das chamadas redes sociais no mundo da Comunicação. Aliás, não falta mesmo quem veja neste fenómeno o fim de um ciclo e o começo de uma nova era na história da Comunicação. É certo que o peso da chamada Comunicação de massas já se fazia sentir há muito mas, apesar do seu nome, não se podia dizer que esse poder fosse exercido pelas massas. Não obstante aquele rótulo, as massas continuavam a não deter o seu senhorio .

Por António José da Silva

Hoje, e tendo em conta a chegada e o peso cada vez maior das chamadas redes sociais, já se pode dizer que a profissionalização do comunicador e a respectiva qualidade ética que lhe deve ser inerente, deixaram de ser condição essencial para a transmissão da mensagem De tal modo que o termo Comunicação de massas passou a designar já não tanto a multidão dos seus receptores mas também, e sobretudo, a multidão cada vez mais alargada dos seus emissores. É uma diferença que se reflecte assustadoramente na qualidade dessa mesma Comunicação, ou melhor dizendo, na falta dela. Uma falta que é visível e chocante nos “media” que consultamos diariamente.

Mas, nesta nova etapa de Comunicação, há que ter em conta ainda o aparecimento dum outro problema especialmente grave. Referimo-nos ao facto de muitos responsáveis políticos não resistirem à tentação de utilizar, mais ou menos compulsivamente, essas as chamadas redes sociais. E neste seu afã, alguns deles parecem não diferir muito dos seus habituais e impreparados fregueses.

Vem isto a propósito de notícias recentes que dão conta de algumas crises graves que têm incendiado as relações internacionais e que foram despoletadas, ou que pelo menos foram agravadas, pelo mau uso dessas redes. Basta recordar para isso o que aconteceu recentemente às relações entre o Brasil e a França na sequência dos comentários do presidente brasileiro publicados numa dessas redes. De qualquer modo, na lista dos seus grandes utilizadores, aparece à cabeça o inevitável presidente norte-americano. Donald Trump, que é certamente o mais constante desses fregueses, o mais constante e, infelizmente para o seu país, o mais descontrolado. Com essa sua utilização incansável, ele tem conseguido descreditar ainda mais não a sua própria imagem mas, sobretudo, a imagem do seu país. Se hoje a sua credibilidade é quase nula, também o deve à utilização constante do Twiter.

Seja como for, o presidente norte-americano está longe de ser o único grande responsável político a sofrer as consequências da utilização excessiva e pouco inteligente das chamadas redes sociais…