
É um modelo de Sustentabilidade Económica fácil e compreensível. Eu tenho cenouras, cultivo-as, e tu precisas então pega lá uma cenoura. Mas eu tenho galinhas, e tu – que pode ser o que deu a cenoura, ou não -, precisa de uma galinha. Ela aí vai! Em muitos povos – situados na Amazónia ou outras partes do mundo -, a Economia que fala é esta, a chamada economia do “bem-viver”, que está esplanada na Carta da Terra, aprovada pelo ONU.
Por Joaquim Armindo
Esta antiquíssima troca de bens, que não são contabilizados, dá lugar a um desenvolvimento cultural e espiritual, fora das nossas mentalidades de caciques, que colocamos o lucro num epicentro estrutural. Esta “da cenoura e da galinha” é um eixo de vida que coloca a defesa do ambiente, da sociedade e da cultura, numa ótica económica que não conhecemos e muito menos queremos. Uma fuga à ecologia, enquanto palavra der derivada do grego “oikos” e “logos”, ou seja, “família” e “estudo”. Esta “família” que é uma “casa ambiental”, inclui nela todos os organismos vivos, que a tornam habitável, assim” Ecologia” será a “vida em casa”, os seres em relação, nos seus ambientes. As plantas e os animais sempre fizeram parte desta casa comum. Os seres humanos dependem desta relação ecológica com a Natureza, com os ecossistemas, por isso o estudo da casa ou lugar onde vivemos evoluirá como ciência integradora no futuro.
Nós caminhamos num outro desenho enquadrado por sustentabilidades económicas sejam liberais ou neoliberais, pintadas por economias circulares, ou indo mais à frente com economias verdes e azuis, eco socialistas ou sociais (estas chamadas também do 3.º setor). Todas condicionadas pelo espírito dos “lucros”, duma chamada sustentabilidade que é oca e viradas para um poder egoísta, que necessita dos sem-abrigo e dos pobres, para refazer a sua “espiritualidade”. Claro que fala em limites para o crescimento, mas não refere os limites da agressão à Terra e a todos os seus ecossistemas.
A Sustentabilidade que queremos é aquela, para nós cristãs e cristãos, que escuta no seu coração a Palavra do Senhor, que um dia transfigurará a nossa vida, numa Terra onde mana o leite e o mel e a economia da “cenoura e da galinha”.