Eis-nos chegados ao último artigo desta rubrica, acerca da relação entre as “ciências naturais” e a “fé cristã”, que trouxe até vós, caros leitores da “Voz Portucalense”.
Por Alexandre Freire Duarte
Começo estas palavras (in)conclusivas por reconhecer que ainda se poderia falar muito mais sobre tal relação. De facto, os temas que poderiam derivar da mesma são imensos (razão pela qual cheguei a pensar prolongar o plano de textos inicialmente gizado). E se isso é assim acerca de tais temas, é-no, não menos porque tudo o que aquelas dizem de verdadeiro precisa de ser, na medida das nossas possibilidades, estimado, conhecido e reflectido com seriedade por todos nós, cristãos, que amamos ao Deus-Amor que é o Criador de «todas as coisas visíveis e invisíveis».
Por todos nós, seguidores apaixonados de Jesus Deus e Homem, que somos chamados a também contemplar, e a edificar colaborativamente com Aquele, a beleza do Criador nas texturas da Sua grande e admirável obra que é o Universo.
Na realidade, e como tentei ir patenteando, não há, nem deverá nunca haver qualquer hostilidade e/ou receio, por parte dos crentes em Cristo Jesus, face às evidências fornecidas pelas “ciências naturais”. E esta realidade, sobretudo porque aquelas possuem um objecto de ponderação característico que, desde uma perspectiva cristã, tem a sua origem, subsistência e meta naquele Jesus que, na Sua condição de Crucificado-Ressuscitado e no dizer de Inácio de Antioquia (séc. I-II), é o motor do Universo. E isto, pelo Seu amor que – numa síntese de Teilhard de Chardin (séc. XIX-XX) e Dante Alighieri (séc. XII-XIV) – é a mais poderosa força espiritual do Universo, fazendo mover o Sol e as demais estrelas.
Também não posso deixar de admitir, com franqueza e neste momento de término destes textos, dois factos relacionados com o que fui escrevendo. Em primeiro, muito poderia ter sido mais desenvolvido – ainda que jamais tenha enveredado pela lógica do “isto é demasiado complexo para ser abordado em tão pouco espaço”. Depois, porventura e porque alguns erros me foram amigavelmente apontados, tudo aquilo até poderia ter sido melhor redigido. Todavia, a vida de todos nós é o que é, e o Senhor só pede a cada um o melhor que este pode realizar, não em abstracto, mas dentro das circunstâncias em que realmente viver.
Por fim, e já em jeito de despedida e com imensa gratidão fraterna, gostaria apenas de formular um último desejo – que sei que, pela vossa estima, não será como um semear de arroz no deserto –: que o meu intento, enquanto cristão e (misteriosamente) teólogo, de trazer até vós o que com estas frases concluo, seja acolhido como um pequeno sinal para deixarmos sempre claro que a fé cristã não é – bem pelo contrário – inimiga das “ciências naturais”.