“A Igreja está no mundo sem ser do mundo“: é a certeza que nos vem desde a origem. O problema seria o contrário: não estar no mundo. Nesse caso, não seria Igreja porque não atuaria a salvação.
Claro que ao estar no mundo, não somente o influencia ou “fermenta”: também fica sujeita aos seus movimentos e sofre-lhe a sua continua instabilidade. Mesmo que se firme bem na solidez das suas convicções, acaba por ter de suportar os solavancos da viagem em conjunto. Nem poderia ser de outra maneira. Se assim fosse, não haveria interferência entre a história e a história da salvação.
Ora, uma das características do nosso mundo atual é a dificuldade de se manter no bom senso, no justo equilíbrio, evitando extremismos doentios que vão gerar outros de sinal contrário. Ou, porventura, sinais «iguais». Só que alimentados por outros protagonistas e à base de outras linguagens e outros gritos…
É o que pode acontecer na Igreja. Pensemos na nostalgia do latim. Quando o Concílio decretou o uso do vernáculo, foi de encontro a uma das maiores aspirações dos católicos e realizou o gesto popularmente mais significativo. Tão determinante que, por essa ousadia, teve de sofrer o único cisma que muito a entristeceu: o fundamentalismo litúrgico de Écône.
Há alguma coisa contra o latim na celebração e no canto? Não! Nada! Mas perguntem ao povo de Deus se o entende melhor, por exemplo, do que o inglês. Perguntem-lhe se não sente como injúria saber que uns quantos «afortunados» podem usá-lo -sabe Deus com que domínio….- enquanto a quase totalidade o sofre por desconhecimento inculpável.
E porquê esta nostalgia? Porque uns quantos pseudo-progressistas balofos cometeram os maiores atropelos à liturgia: esvaziarem-na de mistério, banalizaram-na com improvisações e profanaram-na ao substituírem o louvor divino pela glória pessoal do celebrante. Eles, os tristemente popularuchos, é que geraram os extremistas torrados.
Porque, também nisto, se verifica a lei do pêndulo.
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