Josemaría Escrivá recordado em suas palavras

A editora Aletheia e a Fundação Studium acabam de editar (abril de 2019) um volume de entrevistas concedidas a vários periódicos espanhóis e internacionais pelo fundador e Prelado do Opus Dei, Josemaría Escrivá (1902-1975), nos anos de 1967 e 1968, e incluindo uma homilia sua do ano de 1968, no campus da Universidade de Navarra, com o título “Amar o mundo apaixonadamente”. A edição é apresentada por um prólogo de Javier Echevarría, que foi Prelado do Opus Dei de 1994 a 2016, ano em que faleceu, tendo sucedido a Álvaro del Portilho (1914-1994), este sucessor imediato de Josemaría Escrivá, até 1994, ano em que faleceu. Desde 23 de janeiro de 2017 o Prelado do Opus Dei é Fernando Ocáriz, parisiense de origem espanhola.

Na sua introdução a estes textos das entrevistas, Echevarría salienta a “maturidade espiritual e humana” manifestada por Escrivá, apesar dos aspetos circunstanciais do momento concreto em que as perguntas foram formuladas. Destaca também o conteúdo histórico e doutrinal de grande valor que encerram, evidenciando sobretudo a finalidade sobrenatural da Igreja, a filiação divina como fundamento da vida espiritual, a dignidade do sacerdócio, a importância da vocação e da missão dos leigos, a santificação no trabalho, o matrimónio cristão como vocação, o papel das mulheres na vida do mundo e  da Igreja, a liberdade e responsabilidade dos católicos nas realidades temporais, a apreço pelas virtudes humanas.

Quem se tenha habituado a ler a sua obra “Caminho” (datado de 1939 e com mais de 4,5 milhões de exemplares publicados em diversas línguas) recordará certamente a pertinência de uma espiritualidade de sentido fortemente humano e concreto na vida.

O conjunto agora editado é constituído pelas seguintes entrevistas: 1) à revista Palabra (Madrid), conduzida pelo jornalista Pedro Rodríguez, em outubro de 1967 (tema: o “aggiornamento” e temas sobre a Igreja, o sacerdócio cristão, o papel dos fiéis leigos e a própria identidade do Opus Dei); ao diário Le Figaro, de Paris, ao jornalista Jacques Guilleme-Brûlon, em 15 de maio de 1966 (temas do contexto sociopolítico e cultural); à revista Time de Nova Iorque, ao jornalista Peter Forbath, em 16 de abril de 1967 (temas de atualidade eclesial, mas também da vida sociopolítica e cultural); a L’Osservatoree della Domenica”, da cidade do vaticano, aos jornalistas Enrico Zuppi  e Antonio Fugardi, em 2 de junho de 1968 (saliência para os temas eclesiais e do entendimento dos princípios doutrinais da Igreja);  à Gaceta Universitaria de Madrid, ao jornalista Andrés Garrigó, em 5 de outubro de 1967 (temas orientados para o grande público generalista: a universidade, o trabalho, o papel de mulher); à revista Telva, reproduzida em Mundo Cristiano, de Madrid, à jornalistas Pilar Salcedo, em 1 de fevereiro e 1 de março de 1968 (a mais extensa e de problemas mais abrangentes, com realce para o papel da mulher, os valores da família, a educação e o desenvolvimento social).

Além da homilia atrás referida, o livro inclui um resumo biográfico do autor.

Esta coletânea acentua textos produzidos entre os anos de 1966 e 1968, portanto dos anos de maturidade e de ação de Josemaría Escrivá, que já tinha consolidado o Opus Dei e desempenhava funções cimeiras no centro da Igreja, como Prelado de honra de Sua Santidade.

(C.F.)