Esquecer a Cultura!

No meu país vão realizar-se eleições e as várias sensibilidades apressam-se no compromisso disto e daquilo. Começa a prometer-se baixa de impostos, com a redução de défice. Começam os rotineiros exercícios macroeconómicos, para nos dizerem a capacidade financeira do país.

Por Joaquim Armindo

Na nossa Assembleia da República discutiu-se o Estado da Nação, e o senhor ministro das Finanças interveio, como de costume, no fim do debate. Para nos falar de certas coisas, que não percebemos. Porque o nosso povo, nós!, não percebemos a linguagem usada que nos diz que tuto está a ir bem, ou tudo foi mal. O que nós sabemos é que existem pobres, sem-abrigo, pessoas à espera de consultas médicas tanto tempo. O que nós percebemos é que pagamos, que nos sai do bolso, para pagar dívidas, que ninguém nos perguntou se queríamos. Mas tudo isto faz parte da nossa vida, viver em comum, viver em comunidade; também é isto mesmo, que não percebamos tantas e tantas coisas e palavras. Nós só queríamos ser companheiros, contarmos com os nossos nomes e “em mesa” comer do mesmo pão. A audição não se faz só em eleições, mas na participação cívica e ativa, em todos os momentos que vivemos nesta aldeia global, de que o nosso Portugal faz parte.

Tanto gostaria de ouvir a senhora ministra da Cultura num debate final do Estado da Nação. Mas nunca ouço, às vezes os meus ouvidos timbrem uns tímidos 1% do PIB, para a Cultura, mas pouco mais que isso. Como se a Cultura não fosse a base do desenvolvimento económico, social e ambiental. A felicidade do nosso povo reside na Cultura e um povo culto é o dinamismo da sociedade. Tantas empresas já entenderam sobre a Cultura como sintonia para o seu desenvolvimento. E mesmo tantas empresas já entenderam que a espiritualidade é um dos maiores bens que possuem. Não estou a chamar ninguém para a minha espiritualidade consubstanciada em Jesus de Nazaré, seria proselitismo e tal não faço.

Estou só a pedir para não se esquecerem da Cultura, base de todo o engrandecimento do nosso povo. Que existam partidos e eleições, mas se esqueçam da Cultura. Sem ela não vamos lá, e o Banco Central Europeu ou o FMI, não nos oferecem Cultura, só dinheiro, a juros. Seria bom que o (a) Ministro (a) da Cultura discursasse no fim do Estado da Nação!