Numa excelente comunicação do Padre Albino Reis, nas instalações do Centro Paroquial de Folgosa, há algumas semanas, foram referidas as cinco fases porque passa qualquer luto: o não aceitar a perda; o mostrar raiva; a procura de uma alternativa, para que possa voltar tudo à normalidade; a depressão, a perda dos seus sonhos; a aceitação e final do luto.
Por Joaquim Armindo
Em todas estas fases a comunidade cristã deve estar atenta e muito mais os presbíteros e diáconos, até na celebração dos funerais; aí não se aceita a perda e não será nenhuma consolação “despachar”, os funerais, às vezes nem sequer conhecendo a família e as pessoas. Sejam ou não das comunidades cristãs, o certo é que são cristãs e cristãos que sofrem e enfrentam um mundo de obstáculos, tantas vezes necessitando de pastores solidários e companheiros, tal como de médicos. Mesmo não sendo cristãos ou crentes, o dever é ser solidário e fazer-se companheiro, daquele que parte o pão connosco. Temos exemplos do quanto importante é não ser apressado numa cerimónia de um funeral, mas vivê-lo com a ousadia do valor da vida, que o Evangelho transmite.
Aliás, num dos seus documentos, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, referindo-se aos funerais, considera-os de uma excelente ocasião de evangelização. Não com proselitismo, de chamar para a nossa fé, os que não estão connosco, mas como ato evangelizador proposto a quem sofre. Primeiro, acorrendo a esta fragilidade de perder alguém, com gestos de estima e preocupação, de saber sofrer a dor do outro. Segundo, propondo e salientando Jesus que a todos alivia, mesmo nos tempos de escura e fria escuridão. “Fazer” um funeral – como em linguagem comum se diz -, não é, nem pode ser, um despacho, mas uma atitude celebrativa onde pontifique o Amor e a Misericórdia de Jesus. A atenção solicita ao celebrante, que não esquecer aquela família, mas é continuada no “saber interessado”, das fases do processo do luto.
Nos atos celebrativos relacionados com todo o processo que pode levar à passagem desta vida, usam-se muitas palavras que ferem – pelo menos a mim -, como “moribundo”, “enfermo” ou mesmo “extrema unção” e “defunto”. É um todo que esperemos venha a ser mais “companheiro” e “amigável”, para quem vai estar de luto.