Não é crime!

Um padre teve dois filhos e deu-lhes o seu nome. Esta notícia entrou pelas nossas portas dentro, como se não existissem mais pais que têm filhos e lhes dão o seu nome.

Por Joaquim Armindo

Se é comum um padre ter filhos, na Igreja Católica Romana, claro que não é, mas daí a ser notícia em parangonas vai muita distância. Não fiquei nada preocupado. Ficaria se uma notícia dissesse que um padre tinha dois filhos e não quereria saber deles e nem o nome lhes deu. Agora um padre que até foi encontrado num parque infantil a brincar com um dos seus filhos? Onde está o crime? As populações alertadas até acharam muito bem que lhes desse o nome, e não me pareceram muito preocupadas com tal, e até disseram muito bem da ação evangelizadora do padre. Segundo uma organização católica, de padres com filhos, existirão 10 000 filhos, no mundo. Isso para a nossa sociedade civil constitui motivo de crime e prisão? Claro que não! Até achei engraçado que uma senhora que “vai à sua missa”, dizer: “então o padre não é um homem”. A única contestação a esta frase é considera-la “machista”, mas de facto não deixa de ser um homem.

Sei, no entanto, duas coisas: estamos em Portugal, maioritariamente católico romano, e os padres prometem celibato, isto é, não casar, não ter filhos e não ter relações sexuais. O país precisa de ser informado, mas, como dizia o senhor Cónego Jorge Cunha, isso é uma questão interna da Igreja. Se um padre prometeu e não cumpriu, perante a Igreja e Deus, é um incumpridor, perante o povo e a hierarquia da igreja. Lá está o Código Canónico da Igreja para decidir, mas não o Código Civil e a Misericórdia de Deus para atuar. Certamente Deus ficaria muito zangado era se o padre não reconhecesse os filhos e desse apoio às crianças e às suas mães. O que parece ser verdade. Entre o Código do Direito Canónico e a Misericórdia e Amor de Deus – que nem sequer conseguimos imaginar o que sejam -, irá uma distância, como a do princípio ao fim do universo, que não sabemos, porque para Deus não existe espaço.

Não desconheço, no entanto, que esta questão do celibato dos padres, obrigatória, não pode ser desligada da afetividade de cada ser humano, e como tal estará certa? Outras igrejas cristãs, não a praticam!