CCC – Última sessão do Ciclo “A Igreja em saída”: A ideia de arte do Papa Francisco

Foto: Vatican News

O ciclo “A Igreja em saída: Viagem pela Igreja de Francisco” teve a sua sétima e última sessão na noite de 4 de junho de 2019, no Centro de Cultura Católica. Foi projetado documentário “Papa Francisco: A minha ideia de arte”, que tem por base o livro publicado sob o mesmo título, coordenado por Tiziana Lupi (Milano: Mondatore, 2015).

A arte, no pensamento de Francisco, emerge como testemunha credível da beleza da criação, reveste-se duma dimensão salvífica, abrindo-se a todos e oferecendo a cada um consolação e esperança, e é instrumento de evangelização e de contraste com a “cultura do descarte”. Assim a pudemos perceber ao longo desta viagem por um conjunto de obras do Vaticano, comentadas a partir do pensamento e da sensibilidade do pontífice. A introdução foi confiada ao Diác. António Avelino Luís, que, tendo estudado a arte como expressão de Deus e do homem no âmbito do seu Mestrado em Ciências Religiosas, pôde ler também a esta luz o documentário projetado. Começou por esboçar uma definição de arte na perspetiva de Francisco: um instrumento de evangelização, com uma dimensão salvífica, que se insurge contra a “cultura do descarte”.

Reconhecendo que a arte como instrumento de evangelização faz parte há muito do magistério conciliar e pontifício, afirmou que a Igreja assim a soube usar ao longo dos tempos. A arte possibilita ao homem o encontro com o transcendente; encontro que requer não apenas a doutrina, mas também os sentidos e a beleza. Socorrendo-se do pensamento de Romano Guardini, mencionou que a obra de arte se reveste de uma totalidade que a capacita para ser símbolo, podendo unir o transcendente e o imanente, tal como une o artista e aquele que a contempla. Se a obra de arte une Deus e o homem, temos de admitir a sua capacidade salvífica, porquanto a salvação acontece pela nossa união a Cristo. Se a arte a permite, tem esta dimensão salvífica. Jesus Cristo, homem descartado, fez brotar a salvação. A arte é, pois, uma prova forte da possibilidade da encarnação.

Não se reveste, contudo, de imediatismo. Exige tempo para se transcender. Após a projeção proporcionou-se um tempo de diálogo e partilha entre os presentes, em torno das possibilidades evangelizadoras da arte, da (im)possibilidade da arte contemporânea remeter para o transcendente, da beleza como expressão de Deus no âmbito da criação… Assim se concluiu o ciclo “A Igreja em saída”, que ao longo de 2018/2019 foi apresentando o estilo pastoral do papa Francisco e o seu modo de entender a missão da Igreja.