Mensagem (35): Krajewski

O nome custa a pronunciar. Mas as suas ações tornam-no um dos homens mais elegantes do nosso tempo. Um Nobel entre os Nobel, se o facciosismo não imperasse lá para os lados da Suécia.

Já era bem conhecido como «braço da caridade» do Papa Francisco: foi o responsável dos célebres chuveiros da Praça de São Pedro para os sem-abrigo, da barbearia, das frequentes refeições, das idas ao circo…

Mas agora, catapultou-se para as primeiras páginas dos jornais: um Cardeal da Santa Igreja Romana que, munido de alicate e busca-pólos, ousa enfrentar os poderes instituídos e, com as suas próprias mãos, restabelece a eletricidade a um grupo de mais de 450 refugiados e sem-abrigo. E parece que nem sequer o seu «inimigo de estimação», o Ministro do Interior, Salvini, ousou voltar a cortar a ligação.

Ao longo destes dois mil anos, Roma, certamente, já presenciou ações parecidas. Mas não muitas, de certeza. É que esta atitude mais parece de um anarca do que de uma… Eminência.

Pois é. Mas a Igreja da qual ele faz parte sempre admitiu o que São Tomas de Aquino formulou positivamente: em situações extremas, é lícito ao esfomeado colher o indispensável para o mantimento da sua vida. Atenção: em “situações extremas”! Como era, agora, o caso: há que pagar a eletricidade, mas se não existem meios, nem por isso um grupo tão grande de refugiados pode vegetar ou ser metido numa pocilga como se de suínos se tratasse.

Terminou o «Mês de Maria». Com essa Mulher forte também aprendemos tomadas de posição inusitadas. Por exemplo, quando cantou a inversão dos «valores dominantes» e atreveu-se a garantir que o Deus em Quem acreditamos “manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias”.

Queremos a boa ordem social. E muito contribuímos para ela. Jamais a «grande desordem» institucionalizada.

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