
1. Promoveram as Edições Salesianas presentes na cidade do Porto, a inauguração oficial e a bênção, com marcas de alguma solenidade, da sua nova livraria, na cidade do Porto, sita na Av. Rodrigues de Freitas, local de presença de figuras ligadas ao liberalismo que pontificou na cidade no início dom século XIX (Duque da Terceira, Duque de Saldanha, Joaquim António de Aguiar e depois Rodrigues de Freitas).
Por M. Correia Fernandes
A inauguração mereceu a presença e a presidência do Bispo do Porto, que manifestou satisfação pelo facto de que esta livraria se tornava uma presença da Igreja na cidade e na diocese, nos domínios da pastoral, da cultura religiosa e do acolhimento a quem possa procurar a presença do espírito nos caminhos da cidade, através da valorização da cultura e da difusão do pensamento religioso.
Esta presença da Igreja faz-se tanto pela disponibilização das edições, como pela sua elaboração, visto que o espaço editorial, com modernas e funcionais instalações, se encontra sedeado nas proximidades, na rua Duque de Palmela, na vizinhança do Colégio dos Órfãos.
Este acontecimento vem dar sentido prático à proposta do Papa Francisco, quando propõe a “Igreja em saída”, no anúncio evangélico à cultura, aos universos profissionais, científicos e académicos, que promovam o encontro entre a fé, a razão e a ciência, através de um novo discurso sobre a credibilidade da fé, e da presença do evangelho em todos os meios sociais. (Ev. Gaudium, n. 132).
As edições salesianas, recorrendo assim à presença e à ação, através de um espírito de renovação tecnológica, procuram realizar esta saída da Igreja para a sociedade, nos seus espaços e nos seus tempos. Por isso é de saudar esta presença de uma livraria no espaço da cidade. É um sinal e afirmação da Igreja que sai ao encontro da vida quotidiana. Por isso saudamos o Provincial dos Salesianos, P. José Aníbal Mendonça, o diretor dos salesianos no Porto, P. José Cordeiro, bem como o responsável deste espaço, P. Sebastião Coelho e os demais agentes do mundo editorial salesiano.
2. Realizaram-se eleições para o Parlamento Europeu, Como era expectável, saldaram-se por uma elevada abstenção, que se aproximou dos 70 (68,6) por cento. Mesmo tendo conta que os cadernos eleitorais não são fiáveis (num país com 10 562 178 habitantes [censos de 2011], foram considerados nos resultados 10.549.427 eleitores), importa verificar que o número de votantes subiu apenas cerca de 40 mil entre 2014 e 2019).
Poucos se preocuparam com isso. Os comentários vieram sempre eivados da convicção de que as percentagens tinham o mesmo valor que se tivessem votado todos ou a abstenção fosse algo de normal. Pense-se que os 33 por cento dos eleitores do partido mais votado são menos de 10 por cento do eleitorado recenseado. E que os 22 por cento do segundo partido constituem apenas 6,8 por cento. O que significa que os deputados eleitos o foram apenas por uma minoria.
Mas a “análise” dos partidos e dos comentadores falam como se isso fosse a opinião dos portugueses e ficam contentes com os números. Não se ouviu ninguém a levantar este problema. Importa por isso ler não apenas as percentagens, mas o sentido global dos resultados. E este sentido é que os eleitores portugueses não fundamentam a força assumida pelos partidos. Importa ao menos ter a humildade, ou a consciência expressa, desse dado ser reconhecido.
3. Uma outra reflexão: que sentido têm as eleições para um Parlamento europeu? Já aqui defendemos a opinião de que a representação da vontade coletiva nos organismos da Europa não deve ser feita através da intervenção direta dos cidadãos, mas através das suas instituições nacionais.
Os responsáveis europeus ainda não quiseram entender o óbvio: que a elevado abstenção, nuns lados mais que noutros, mas em todos demasiado elevada, significa o entendimento de que carece de sentido esta forma de representação.
Há que encontrar uma forma diferente de representatividade: os próprios estados soberanos deveriam ter capacidades de indicar os seus representantes nas estruturas europeias. E um Parlamento europeu será de facto uma estrutura produtiva, por isso justificada, ou justificável?
Adquiramos a consciência, pelo menos pela redução ao absurdo, de que as eleições europeias são rejeitadas pelos eleitores, não por serem preguiçosos ou estúpidos, mas pela consciência prática do universo real.