Carta a uma mulher

Boa tarde Querida irmã, A Paz do Senhor esteja contigo!

Por Joaquim Armindo

Estou a escrever-te esta carta porque acabei agora de ler um livro sobre a mulheres diáconos e lembrei-me da tua disponibilidade para servir o Senhor. Sei que já tudo fazes na Igreja, és catequista há muitos anos e os teus meninos e meninas nunca se esquecem de ti. Mais que falar em Jesus tu O transmites com a tua vida, o Amor de Jesus e foste capaz de fazer deles flores, no meio de campos que pareciam desertos. És casada e tens dois filhos, mas nunca te esqueces de levar para a Igreja, as rosas, as papoilas, os cravos, do teu quintal. E fazes de tal maneira que a Igreja parece ter o sorriso do teu Senhor, por quem darás a tua vida.

Quando entras naquele templo frio, levas o teu calor de mulher, a tua corajosa ação junto aqueles que mais precisam. Vejo-te a dar pão e água aos que têm fome e sede, a visitar tantos doentes e presos, e a levar-lhes Jesus, na Palavra e no coração. Mesmo depois do teu trabalho – com que ganhas a vida –, e depois de preparares o jantar e o almoço do dia seguinte, ainda encontras tempo para falar com Jesus.

Sei do esforço que fizestes para estudar a Bíblia, o teu livro favorito. Sei como gostas de Marta e de Maria, e devo saber quem tu escolhias como modelo. Talvez uma e outra, porque na tua vida, não podes optar, dois trabalhos: um para ganhar a vida, outro sem ganhar nada, que é do de casa. Mesmo assim arranjastes tempo – vê lá, numa época em que predominam os sem – tempo –, para estudares. Fostes indo e agora já frequentas algumas aulas no ensino superior.

Gostas de saber mais da Bíblia e de Teologia. É para ti um esforço enorme, um dia, se houver um dia, gostarias de ser mulher diácono. Sei que também sabes, que esse dia pode ser inatingível, só porque és mulher. E sei que quem o
diz são fundamentalmente homens. Tu podes fazer todo o trabalho na Igreja, menos receberes a Graça Sacramental da Ordem do Diaconado. A Graça é gratuita que Deus nos dá a todos. Mas tu por seres mulher és interdita à Graça Sacramental, que acreditas atua em todos e todas. Alguns parecem não acreditar!

Peço-te perdão por ser homem, estar calado, e não exercer a indignação a quem te nega a Graça que querias.

Um beijito, em Jesus, Senhor Nosso,

Joaquim Armindo