Os habitantes do sul de Israel e os palestinianos da chamada Faixa de Gaza sofreram, nas últimas semanas, as consequências do reacendimento do longo conflito que tem envenenado as relações entre aquelas duas comunidades.
Por António José da Silva
Embora as acusações, mútuas e habituais nestas situações, mereçam sempre alguma reserva, parece não haver dúvidas de que, neste caso, foi o lançamento de algumas centenas de mísseis sobre território israelita, que provocou aquela que muitos consideram a grise mais grave dos últimos cinco anos na Faixa de Gaza.
Como de costume, o exército judaico respondeu com violência a mais este ataque, provocando a morte a mais de uma vintena de palestinianos, entre os quais uma mulher e uma criança, pormenor trágico sempre explorado por grande parte da comunicação internacional.
É certo que os palestinianos de Gaza têm razões de sobra para se rebelarem contra um estado que asfixia o seu território desde 2005, ano em que o abandonou na sequência de grande pressão internacional, permitindo que, desde então, o Hamas assumisse o seu controlo total. Ora, enquanto este partido, ferozmente ati-judaico, estiver na liderança política da Faixa de Gaza, com a aceitação entusiástica ou simplesmente resignada dos seus habitantes, estes vão continuar a sofrer as consequências das respostas de Israel aos ataques do Hamas contra o sul do seu território, que é o mais próximo e o mais acessível para esse tipo de provocações.
Felizmente, e mais uma vez, parece que o bem senso venceu o desejo de vingança que contamina as relações entre judeus e palestinianos. Os mediadores da ONU e do governo egípcio conseguiram um cessar fogo, certamente depois de obterem pequenas concessões da parte de Israel, e depois de convencerem os líderes do Hamas de que qualquer estratégia militar contra Israel está condenada ao fracasso. A população israelita está sempre preparada para resistir à ameaça dos mísseis e, além disso, pode contar sempre com uma resposta cada vez mais forte das suas forças armadas.
Esta foi portanto mais uma crise grave, entre as muitas que a História regista nas relações entre judeus e palestinianos em geral, e mais concretamente, entre judeus e palestinianos da Faixa de Gaza. Mas o que mais surpreende nestas crises repetidas é que, pelo menos à primeira vista, os líderes do Hamas parecem não aprender muito com o seu recurso estratégico ao lançamento de misseis contra o sul do território israelita. Ou não estivessem a colocar o seu povo à mercê das respostas cada vez mais fortes do inimigo…