Sete semanas de festa em honra do Ressuscitado

Os cinquenta dias que vão desde o Domingo da Ressurreição até ao Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e exaltação, como se tratasse de um só e único dia festivo. Mais, como um grande Domingo” (Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico, nº 22).

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

A Cinquentena Pascal é “o tempo forte” do calendário cristão: cinquenta dias que formam uma unidade com a Quaresma e constituem, para os fiéis, os noventa dias mais densos do ano.

O Ano Litúrgico centra-se nesta Cinquentena festiva, vivida e celebrada como um só dia de festa, como um grande Domingo. A Quaresma preparou-a e a Noite pascal inaugurou-a. O Pentecostes não será uma festa separada, mas a plenitude e o cumprimento do que a Noite pascal inaugurou: o Espírito que ressuscitou Jesus de entre os mortos. O tempo pascal, deve, pois, ser vivido como uma unidade (a Solenidade da Ascensão integra-se pois, no mesmo espírito e dinamismo) até à tarde do dia de Pentecostes. A reforma litúrgica suprimiu a oitava de Pentecostes, precisamente porque não é esta a festa que se prepara ou se prolonga, mas antes a Cinquentena pascal que se consuma nesse dia.

Há, contudo, uma tendência para que a Páscoa quase se fique pela Quaresma. Faz-se um esforço pastoral notável na Quaresma – como a corrida de um atleta para ganhar balanço e impulsionar um grande salto – mas, depois…, não se salta. Passada a Vigília e o primeiro domingo de Páscoa, parece, frequentemente, que entramos nos Domingos do Tempo Comum (sem qualquer menosprezo deste importantíssimo tempo litúrgico). Investimos tempo e energia na preparação da festa mas, depois, quase não se faz festa. Importa, pois, um esforço pastoral e uma mudança de mentalidade para combater esta desfocagem. Aliás, é centrando a Páscoa na Cinquentena que captaremos o sentido da Quaresma.

Durante esta Cinquentena, tanto as celebrações litúrgicas, como as possíveis formas de oração familiar ou pessoal serão um convite estimulante a entrarmos  decididamente na Páscoa do Senhor: na Sua “Passagem” à Vida Nova. Este colorido terá expressão na vida quotidiana. Quer dizer que somos convidados a dar a tudo o que fazemos e vivemos (relações humanas, trabalho, dor e alegria…) uma espiritualidade pascal. O que a Páscoa de Cristo significa de vida, novidade, alegria, liberdade deve passar para o dia a dia de cada cristão e informar o seu comportamento, de modo a que ele se torne, no mundo, uma testemunha da Ressurreição (engrossando, assim, a série ininterrupta das testemunhas que atravessa os tempos).

Nesta perspetiva, deixamos algumas sugestões:

  1. O Círio Pascal deve ocupar um lugar de destaque, no Presbitério. Só depois do Pentecostes será deslocado para o Batistério. Mas que não seja mais uma vela (insignificante), acantonada em espaço perdido.
  2. Cuide-se da ambientação da igreja: iluminação abundante e flores (mais que em alguns casamentos). Contudo, o bom gosto deve prevalecer sobre a quantidade.
  3. Haja música festiva já antes das celebrações (se possível, ao vivo, de órgão ou instrumentos, ou então gravada). Música sacra, bem entendido.
  4. Nas celebrações haja música instrumental e canto mais abundante. Dê-se relevo ao canto do Presidente. Para além das aclamações da anáfora e da Liturgia da Palavra, cante-se o Prefácio, ao menos nas celebrações principais. Hoje dispomos de uma ajuda valiosa: o livro «O canto do celebrante», editado pelo SNL.
  5. Faça-se o rito da aspersão, com mais frequência, em vez do ato penitencial.
  6. Use-se a forma solene de Bênção.
  7. Nas famílias, permaneça o tom pascal, inaugurado pela visita pascal (compasso), mediante o esforço de cada membro em recriar um ambiente de calorosa convivência e alegria, alimentado pela oração comum.
  8. Restaure-se o antigo uso de água benta à entrada das igrejas e nas casas, como lembrança do Batismo, ao menos durante a Cinquentena Pascal.