Parece um paradoxo, mas o cristianismo já o é por natureza: no preciso dia em que nós celebrávamos a vida e entoávamos aleluias festivos em Páscoa de ressurreição, lá para o Sri Lanka, grupos assassinos conseguiram sobrepor a morte e a destruição, o sangue e as lágrimas. Isto surpreende?
Surpreende que, neste tempo de globalização, ainda haja quem exija situar-se sozinho no mundo e não reconheça o direito de os outros existirem. Mas não espanta nada o que se faz à Igreja: ela está habituada ao martírio desde o primeiro momento, desde que ousou marcar a diferença e acreditar que Deus é Pai comum e que, consequentemente, os homens devem sentir-se irmãos.
Sim, esta é uma Igreja de mártires desde o princípio, uma comunidade de rejeitados, um grande grupo de homens e mulheres ridicularizados, humilhados, impedidos de «subir» laboral e socialmente por causa desse «pecado» grave de se ser… cristão. Uma coletividade de trucidados, torturados, ofendidos, raptados, presos. Ou, simplesmente, mortos. Mas quem o faz? Só esses grupos fanáticos?
Infelizmente, a perseguição não é exclusiva do Oriente. Também entre nós, forças ocultas manobram os cordelinhos para que uma certa comunicação social e opinião pública se tornem adversas, agressivas, hostis contra a Igreja, quer insistindo no mal que nela possa existir, quem omitindo ostensivamente o bem que realiza. Com um objetivo: passar a ideia de que a Igreja é uma associação de malfeitores, gerando, assim, desprezo, aversão e perseguição.
Na última Via Sacra, no Coliseu, o Papa Francisco lançava um grito de sensibilização em favor desta Igreja “perseguida e atacada por dentro e por fora”. E nas Jornadas Mundiais da Juventude, no Panamá, comparava-a a uma mãe ferida.
Pois, como ele mesmo dizia, “ninguém abandona uma mãe ferida”. Teríamos nós coragem de o fazer, abandonando a Igreja à sua sorte?
A primeira tarefa dos cristãos de hoje é a de se unirem à volta da Mãe. Embora sem conchas, como os moluscos.
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