Papa na Urbi et Orbi: dor pelos atentados no Sri Lanka

No Domingo de Páscoa, o terror voltou a atacar. Desta vez os alvos foram 3 igrejas onde os cristãos celebravam a Páscoa no Sri Lanka, e três hotéis de luxo da capital Colombo. O Papa Francisco condenou os atentados, após ler sua mensagem de Páscoa:

Recebi com tristeza e dor a notícia dos graves atentados que, precisamente hoje, no dia da Páscoa, levaram luto e dor a algumas igrejas e outros locais de encontro no Sri Lanka. Desejo manifestar minha afetuosa proximidade à comunidade cristã, atingida enquanto estava reunida em oração e a todas as vítimas de tão cruel violência. Confio ao Senhor os que morreram tragicamente e rezo pelos feridos e por todos aqueles que sofrem por causa deste acontecimento dramático”.

Foi este o texto da Mensagem Urbi et Orbi do Papa Francisco que aqui publicamos na íntegra:

Caros irmãos e irmãs, boa Páscoa!

Hoje a Igreja renova o anúncio dos primeiros discípulos: Jesus Ressuscitou!”. E de boca em boca, de coração a coração ressoa o convite ao louvor: “Aleluia”.

Nesta manhã de Páscoa, juventude perene da Igreja e da inteira humanidade, gostaria de enviar a cada um de vós as palavras iniciais da recente Exortação Apostólica dedicada em particular aos jovens:

“Cristo Vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem e a cada cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo! Ele está em ti, está contigo e jamais te deixa. Por mais que te possas afastar, junto de ti está o Ressuscitado, que te chama e espera por ti para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os rancores, os medos, as dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu lado para te devolver a força e a esperança.” (Christus vivit, 1-2).

Caros irmãos e irmãs, esta mensagem é dirigida, ao mesmo tempo, a cada pessoa e ao mundo. A Ressurreição de Cristo é princípio de vida nova para cada homem e mulher, porque a verdadeira renovação parte sempre do coração, da consciência. Mas a Páscoa é também o início do mundo novo, liberto da escravidão do pecado e da morte: o mundo finalmente aberto ao Reino de Deus, Reino de amor, de paz e de fraternidade.

Cristo vive e permanece connosco. Ele mostra a luz do seu rosto de Ressuscitado e não abandona quantos estão na provação, na dor e no luto. Ele, o Vivente, seja esperança para o amado povo sírio, vítima de um perdurante conflito que arrisca de nos encontrar cada vez mais resignados e mesmo indiferentes. É, ao invés, o momento de renovar o compromisso para uma solução política que responda às justas aspirações de liberdade, paz e justiça, enfrente a crise humanitária e favoreça o regresso seguro dos refugiados, sobretudo dos que se refugiaram nos países limítrofes, especialmente no Líbano e na Jordânia.

A Páscoa leva-nos a olhar para o Médio Oriente, lacerado por contínuas divisões e tensões. Os cristãos na região não deixem de testemunhar com paciente perseverança o Senhor Ressuscitado e a vitória da vida sobre a morte. Dirijo um particular pensamento à população do Yemen, especialmente às crianças, exaustas da fome e da guerra. A luz pascal ilumine todos os governantes e os povos do Médio Oriente, a começar pelos Israelitas e Palestinianos e os leve a aliviar tantos sofrimentos e a prosseguir um futuro de paz e estabilidade.

As armas cessem de ensanguentar a Líbia, onde pessoas desamparadas morreram nestas últimas semanas e muitas famílias são obrigadas a deixar as suas casas. Exorto as partes interessadas a escolher o diálogo mais do que a opressão, evitando que se reabram as feridas de uma década de conflitos e instabilidade política.

O Cristo Vivente dê a sua paz a todo o amado continente africano, ainda disseminado de tensões sociais, conflitos e de violentos extremismos que deixam insegurança, destruição e morte, especialmente no Burkina Faso, Mali, Níger, Nigéria e Camarões. O meu pensamento vai também para o Sudão, que está a atravessar um momento de incerteza política e onde desejo que todas as instâncias possam encontrar voz e que cada um trabalhe para consentir ao país de encontrar a liberdade, o desenvolvimento e o bem-estar que há tanto tempo aspira.

O Senhor Ressuscitado acompanhe os esforços feitos pelas autoridades civis e religiosas do Sudão do Sul, apoiadas pelos frutos do retiro espiritual ocorrido há alguns dias atrás no Vaticano. Possa abrir-se uma nova página da história do país, na qual todas as componentes políticas, sociais e religiosas se empenhem ativamente pelo bem comum e a reconciliação da Nação.

Nesta Páscoa encontre conforto a população das regiões orientais da Ucrânia, que continua a sofrer pelo conflito ainda em curso. O Senhor encoraje as iniciativas humanitárias e aquelas dirigidas a perseguir uma paz duradoura.

A alegria da Ressurreição encha os corações de quem no continente americano sofre as consequências das difíceis situações políticas e económicas. Penso, em particular, no povo venezuelano; a tanta gente privada das condições mínimas para conduzir uma vida digna e segura, por causa de uma crise que perdura e que se aprofunda. O Senhor conceda, a todos os que têm responsabilidades políticas, de trabalhar para pôr fim às injustiças sociais, aos abusos e às violências, e de darem passos concretos que consintam de sanar as divisões e oferecer à população as ajudas de que necessita.

O Senhor Ressuscitado ilumine os esforços que se estão a fazer na Nicarágua para encontrar, o mais rápido possível, uma solução pacífica e negociada em benefício de todos os nicaraguenses.

Perante tantos sofrimentos do nosso tempo, o Senhor da vida não nos encontre frios e indiferentes. Faça de nós construtores de pontes, não de muros. Ele que nos dá a paz, faça cessar o fragor das armas, tanto nos contextos de guerra como nas nossas cidades, e inspire os líderes das Nações para que trabalhem para pôr fim à corrida aos armamentos e à preocupante difusão das armas, em especial nos países economicamente avançados. O Ressuscitado, que escancarou as portas do sepulcro, abra os nossos corações às necessidades dos que precisam, dos indefesos, dos pobres, dos desempregados, dos marginalizados, de quem bate à nossa porta à procura de pão, de um refúgio e do reconhecimento da sua dignidade.

Caros irmãos e irmãs, Cristo Vive! Ele é esperança e juventude para cada um de nós e para o mundo inteiro. Deixemo-nos renovar por Ele! Boa Páscoa!