Centro de Cedofeita

Pela sua história, localização e estruturas pastorais e pelo dinamismo comunitário e respetivos pastores que ali têm servido, a paróquia de Cedofeita é sempre uma boa referência. Também na pastoral socio-caritativa, em que, de algum modo, terá sido precursora.

Por Lino Maia

Por iniciativa do Prior da Colegiada e da Paróquia foram aprovados os estatutos de uma Associação de Beneficência de Cedofeita em 1879. Como seus fins, apontavam-se a ajuda e o acolhimento aos necessitados da Paróquia, a assistência aos doentes e a educação das crianças, a promoção dos marginalizados e dos pobres e a avaliação das carências das famílias para que pudessem ser apoiadas por todos os meios.

Com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha Dona Amélia, do Presidente do Conselho de Ministros, João Franco, e do Prior da Colegiada, António Maria Correia de Bastos Pina, volvidos dois anos, como primeira expressão organizada da ação socio-caritativa, era inaugurada a Creche de Cedofeita. Alguns anos depois, com a implantação da República e a confiscação dos bens à Igreja, a Creche viria a ser nacionalizada para, finalmente, em 1969, ser devolvida à Paróquia e integrada no Centro Social Paroquial.

A partir de então, no seu edifício, começaram a funcionar o Infantário e o Jardim de Infância. E, progressivamente, outros serviços de apoio à população mais idosa se lhes viriam a juntar, alguns dos quais intensificados depois de o Centro comprar ao Estado um edifício, devoluto e degradado, sito na Rua da Torrinha. Obras significativas ali seriam desenvolvidas e custeadas com um grande esforço financeiro da Paróquia. Presentemente, o Centro Social Paroquial de Cedofeita tem dois edifícios: um para os mais novos e outro para os seniores.

No primeiro estão a funcionar uma Creche e um Pré-escolar, respetivamente com 42 e 66 crianças, e, no segundo, as valências de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD – 45 utentes), Centro de Dia (30) e ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas – 37). Para o desenvolvimento da atividade ao serviço do Centro há um valoroso grupo de 51 colaboradores. Mas a ação socio-caritativa de uma paróquia que tem S. Martinho como seu patrono não se limita ao seu Centro.

Para além do bom culto e da boa evangelização também serem expressão impulsionadora de diaconia, em Cedofeita, é muito meritória a ação dos Vicentinos e tem havido significativa atividade de uma Fraterna Ajuda Cristã para casos urgentes, cuidado com os Doentes com um Serviço Paroquial e disponibilização de remédios doados por médicos e particulares. E merece especial destaque um grupo de dezenas de voluntários que prestam serviços nas várias atividades e não exclusivamente no Centro.

Numa paróquia que, agora, tem ao seu serviço um novo e muito dedicado pastor, o Padre Fernando Silva, as obras socio-caritativas são o interesse manifesto da comunidade pelos mais carenciados e oferecem uma ocasião de partilha de amor, de bens e de tempo. São um testemunho do que deve ser feito em todas as circunstâncias e um apelo de justiça e de solidariedade.

Sob a protecção de S. Martinho, padroeiro, e com a inspiração do Beato Inácio de Azevedo (missão de “anunciar a Boa Nova”), Padre Américo (“cada paróquia cuide dos seus pobres”) e D. António Ferreira Gomes (compromisso cristão perante a “miséria imerecida de tantos”), todos eles evocados no limiar de um dos edifícios do Centro, em Cedofeita a caridade não acaba jamais…