Depois da sua ida à Guiné, o senhor bispo do Porto, D. Manuel Linda, em declarações à VP dizia que era uma experiência importante, estar e sentir aquelas terras e suas gentes. De tal modo, que fazia um apelo a que os seminaristas fizessem, voluntariamente, esse percurso também.
Por Joaquim Armindo
E de facto a partida e a estadia em países onde o anúncio do Evangelho será mais difícil, constitui um amadurecimento da Fé, com uma eficácia determinante nas vidas de quem serve o Senhor. Recordo-me que aqui há uns anos escrevi aqui neste jornal o seguinte: “ Missão não é sinónimo de poder, mas de serviço ativo, nem à frente, nem atrás, mas ao lado daqueles que mais necessitam de conhecer a Beleza e o Amor de Deus. Isso faz-se no terreno, mesmo na missão ad gentes. Que bom seria que os nossos bispos, presbíteros e diáconos, mas também os seminaristas, passassem algum tempo nessas terras onde não existem “escritórios” e todos estão ao serviço, sem escalas de “atendimentos””. O senhor bispo não foi buscar a minha citação para fazer a sua afirmação – tenho a certeza -, mas existe uma mera coincidência.
Claro que existe uma diferença, porque enquanto o senhor bispo defende a ida como voluntária, eu direi que deve fazer parte do curriculum do caminho que os seminaristas têm de fazer. Mas não só eles, os bispos, os presbíteros e os diáconos. E quem não o fez, que o faça, atendendo, como será óbvio a algumas circunstâncias particulares. Viver lá um tempo, só faz bem à Fé, o seu povo é um autêntico profeta e as suas lições são bíblicas. Não é que nas nossas terras não existam lugares de autêntica “ad gentes”, mas lá é diferente; às vezes falta tudo e não existem “horários” pré estabelecidos.
Que me perdoem os senhores presbíteros, mas tantas vezes os sinto sós. Sós nas suas paróquias e isolados. Não queria dizer, mas vá lá, “na sua quinta”, sem entender a própria vida. Quantos estão tão só, que às vezes lhes falta o essencial. A missão é uma partilha que os fará encontrar para fora das fronteiras deste “mal-estar”, que pode perturbar o proclamar do Amor e a Misericórdia de Deus. Senhor bispo vá para a frente e lance não só os seminaristas, mas os presbíteros e diáconos na missão, para terras que nos fazem crescer.