
Foi exatamente esta a frase que usei, há muitos meses, quando, na sacristia da Sé do Porto, me encontrei com o então presbítero Américo Aguiar.
Por Joaquim Armindo
Na altura pedi-lhe desculpa, mas disse que um dia seria assim que o trataria. Estava longe de pensar que seria tão próximo, mas também como diz o nosso povo que a boca diz o que vai no coração. E talvez fosse! A verdade é que o presbítero Américo Aguiar é bispo, e eu não sou profeta. Ainda me lembro do zelo e amizade com que o agora D. Américo Aguiar me levava a D. Manuel Clemente, quando tinha audiências com este. Sempre atento conduzia-me desde a porta até à sala de audiências, percebia-se a sua generosidade e o seu empenho em que todos fossemos tratados com a dignidade de pessoas. Não me posso esquecer, nem de, por exemplo, na paróquia da Foz do Douro me ter dado a precedência junto à estante, sem querer aparecer como “pessoa importante”, mas dando ao outro essa possibilidade, são coisas que não se esquecem D. Américo! Não aparecer, mas estando por detrás de tudo.
D. Américo Aguiar é bispo, porque sempre foi servo. Não o conheci da Maia, onde trabalhou, mas da diocese do Porto, onde foi durante largos anos o “braço direito” do bispo. Aquilo que nos deixa no Porto é um trabalho notável, a requalificação da Torre dos Clérigos, onde se empenhou decisivamente; foi D. Américo Aguiar quem conseguiu colocar este grande monumento da cidade do Porto no roteiro indispensável de quem visita a cidade ou dos seus cidadãos. Com indisfarçável clareza dá contas dos seus rendimentos e para onde vão, em missiva que envia a todos nós, e ninguém lho pediu, mas achou que assim seria transparente a sua gestão. Nos ciclos de colóquios que se faziam na cidade, e que eram financiados pela “sua torre”, encontrei-o a dirigi-los, como quem sabe que não era pelo número de pessoas presentes a garantia de insuflar cultura na Universidade do Porto.
Creio bem que D. Américo Aguiar é, de facto, uma valia indiscutível que o Porto, mais uma vez, oferece a Lisboa. Que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ele, e lhe dê animo, coragem, como tem tido até aqui. Agora já posso dizer com toda a propriedade: “Olá, Senhor Bispo”. Um abraço amigo, D. Américo!