Cooperação é estratégia para não excluir os mais fracos

O Papa Francisco completou no dia 13 de março 6 anos da sua eleição como bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja. Foi no Conclave de 2013 após a renúncia do Papa Bento XVI. No início do 7º ano do seu pontificado destaque para o pronunciamento do Santo Padre no sábado, 16 de março à Confederação das Cooperativas Italianas em audiência na Sala Paulo VI. Francisco exortou as Cooperativas a continuarem a viver na sua atividade o valor da solidariedade.

Por Rui Saraiva

No sábado, 16 de março, dia a seguir à conclusão dos Exercícios Espirituais da Quaresma para a Cúria Romana, nos quais esteve o Papa Francisco, teve lugar no Vaticano uma audiência do Santo Padre, na Sala Paulo VI, à Confederação das Cooperativas Italianas, por ocasião do centenário daquela instituição.

O Santo Padre recordou o percurso das Cooperativas de Itália assinalando que devemos estar gratos por tudo o que foi realizado em cem anos de história:

“Eles representam um percurso, do qual estamos gratos, de tudo o que conseguiram realizar, inspirados no grande apelo da Encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII. De maneira profética, este pontífice deu início à grande reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja. A sua intuição nasceu da convicção de que o Evangelho não é apenas para uma parte de homens ou da sociedade, mas para toda a humanidade, para torná-la cada vez mais humana” – afirmou o Papa.

Função social das cooperativas

Francisco referiu-se à função social das cooperativas e lembrou que na história das cooperativas italianas encontramos o compromisso sério e generoso perante o desafio do Papa Leão XIII. Trata-se da Doutrina Social da Igreja vivida em gestos concretos de homens e mulheres. Um modelo cooperativo que permite prevenir a tentação do individualismo na economia, satisfazendo as necessidades sociais – frisou Francisco.

“O vosso modelo cooperativo, precisamente porque inspirado na Doutrina Social da Igreja, corrige certas tendências típicas da sociedade e do Estado, às vezes letais em relação às iniciativas privadas; detém a tentação do individualismo e do egoísmo típicos do liberalismo. Enquanto a empresa capitalista visa só o lucro, a cooperativa satisfaz as necessidades sociais” – assinalou o Papa.

O modelo das cooperativas sociais permite inserir num mesmo método a solidariedade e a vida empresarial provocando, desta forma, o milagre da cooperação através de uma estratégia de equipa – disse ainda o Santo Padre.

“ O milagre da cooperação é uma estratégia de equipa que abre uma brecha no muro de uma multidão indiferente, que exclui os mais fracos” – declarou.

Lugar prioritário para as mulheres

Francisco no seu discurso frisou a necessidade da promoção do bem-estar por oposição ao individualismo. Centralidade à pessoa humana tal como ensina a Doutrina Social da Igreja. E deixou um conselho claro em defesa das mulheres que têm um lugar prioritário na vida das cooperativas:

“Num mundo global como o nosso, são, sobretudo, as mulheres que arcam com o peso da pobreza material, da exclusão social e cultural. O tema das mulheres, disse, deve voltar a ter um lugar prioritário nos projetos da esfera cooperativa” – disse Francisco no final do seu pronunciamento à Confederação das Cooperativas Italianas.

Recordamos que o Papa Francisco completou 6 anos de pontificado no passado dia 13 de março. Foi em 2013 que o Cardeal Jorge Mário Bergoglio assumiu, por eleição em Conclave, a missão de ser bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja. Francisco fez até ao dia de hoje 27 viagens internacionais, nas quais visitou 40 países. Publicou as encíclicas “Laudato sí” (Louvado seja) e “Lumen Fidei” (Luz da Fé) e as exortações apostólicas ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), ‘Amoris Laetitia’ (A alegria do amor), e “Gaudate et Exsultate” (Alegrai-vos e Exultai). Três foram os Sínodos: dois sobre a Família e um sobre os Jovens. 2015 e 2016 foram os anos do Jubileu da Misericórdia. 2019 poderá vir a ser o ano da publicação da uma nova organização da Cúria Romana.