Conselho presbiteral refletiu sobre o pulsar dos Seminários

No passado dia 20 de fevereiro, reuniu, no auditório do Paço Episcopal, o Conselho Presbiteral da Diocese do Porto no qual participou, pela primeira vez, o Bispo Auxiliar D. Armando Estes Domingues, a quem D. Manuel Linda saudou e deu as boas-vindas. O tema de reflexão foi o da formação sacerdotal e o da articulação dos Seminários como centros de formação com o presbitério, paróquias, famílias, Secretariados, Escolas e Colégios, Universidades e outras comunidades e instituições.

O dom da vocação sacerdotal: um documento orientador e inovador

D. António Augusto Azevedo introduziu o tema da formação sacerdotal, a partir da nova Ratio fundamentalis institutiones sacerdotalis, que tem por título “O dom da vocação sacerdotal”, publicada pela Congregação para o Clero, em 8 de dezembro de 2016.

O bispo auxiliar do Porto destacou, de entre as etapas formativas, até pela sua novidade na nova Ratio, a exigência da etapa propedêutica “um período de tempo – ordinariamente não inferior a um ano e não superior a dois – cujo objetivo principal consiste em assentar sólidas bases para a vida espiritual e favorecer um maior conhecimento de si para o crescimento pessoal».

D. António Augusto Azevedo não deixou de sublinhar que será de «grande ajuda e estímulo o exemplo dos sacerdotes que precederam os candidatos no ministério» e citou, da nova Ratio Fundamentalis, o que se refere à importância do presbitério na formação sacerdotal, bem como da paróquia e da família e de outras realidades eclesiais.

Seminário Maior do Porto: equipa formadora que também integra leigos

O Seminário Maior do Porto é constituído por 46 alunos, contando com três padres residentes e mais outros cinco, que cuidam da formação e acompanhamento espiritual. Além de onze funcionários e outros padres e leigos, o Seminário conta com a colaboração de professores em várias áreas formativas.

O atual reitor, Cónego José Alfredo, destacou a comunhão com as Dioceses irmãs de Vila Real e Coimbra, que têm alunos no Seminário Maior. Quanto à formação para uma vida de interioridade disse o Reitor que, neste ano pastoral 2018/2019 “ganhamos um novo fôlego com a mudança de diretor espiritual e outras presenças presbiterais ao Seminário, que garantem o acompanhamento pessoal e personalizado”. Manifestou regozijo pela “presença de leigos qualificados, nas áreas dos serviços domésticos, da música e da psicologia, que favorecem um ambiente sadio e limpo”. O Reitor do Seminário Maior, Cónego José Alfredo reconheceu que os seminaristas se veem confrontados, desde muito cedo, com problemas e dificuldades pastorais e que muitas vezes lhes são vendidas receitas para uma pastoral de sucesso, o que não ajuda ao seu crescimento natural.

Seminário Redemptoris Mater: este também é um Seminário Diocesano

De seguida, o Pe. Daniel Henrique Saturi, apresentou o projeto formativo do Seminário Diocesano Missionário Redemptoris Mater Santa Teresa do Menino Jesus, de que é Reitor. Este Seminário acolhe, no presente ano pastoral, 16 jovens provenientes de oito nações: 4 Portugueses, 3 brasileiros, 3 Dominicanos, 1 italiano, 1 Salvadorenho, 1 Peruano, 1 norte americano, 2 Equatorianos. Ajudam, como voluntários nos afazeres da casa, duas famílias espanholas e quatro irmãs viúvas. A equipa formadora é composta pelo Padre Miguel dos Santos (dos padres dominicanos) na qualidade de diretor espiritual, e pelo padre Daniele Bernacchia (do Patriarcado de Lisboa), como formador. O Seminário conta ainda com a ajuda da equipa nacional do caminho neocatecumenal.

O Pe. Daniel Saturi recordou que os Seminários “Redemptoris Mater” são Seminários diocesanos que dependem do Bispo onde são erigidos canonicamente.

Seminário do Bom Pastor: portas abertas para poder crescer

O Pe. José Augusto Nogueira de Oliveira, vice-reitor do Seminário do Bom Pastor, apresentou o projeto formativo do Seminário, que dirige, apenas há cinco meses e com a colaboração do Pe. Vasco Soeiro. Junta-se a esta equipa, um diretor espiritual externo, apoiado por outro sacerdote vizinho. O Seminário conta ainda com a colaboração de uma professora para o atelier de Biblioteca, um professor para História da Música Sacra e uma Psicóloga.

Os dois sacerdotes da equipa formadora do Seminário acumulam o trabalho de acompanhamento do pré-Seminário, dividido em dois grupos: Pré-Seminário I (candidatos do 5º ao 8º ano) e Pré-Seminário II (candidatos do 9º ao 12º ano). Neste momento frequentam o Pré-Seminário 40 alunos, dos quais 18 são alunos do 9.º ao 12.º ano. A comunidade residente do Seminário é de apenas três seminaristas. Estes 3 alunos frequentam o ensino secundário no Colégio de Ermesinde. Na sua intervenção o Pe. José Augusto referiu-se à necessidade de repensar o ano propedêutico, conforme indicações da nova Ratio Fundamentalis (RF 59-60). O Seminário tem-se esforçado por abrir as portas a grupos de jovens, a grupos de reflexão, à formação de clero, à visita dos padres e espera superar o exíguo número de alunos com a entrada de outros que atualmente estão em Pré-Seminário.

Sugestões para cuidar dos Seminários, coração da diocese

Foram apontadas algumas opiniões, sugestões e compromissos, que aqui resumimos:

  1. Não retomar o Seminário Menor, como comunidade residente, a partir do 7.º ano, mas desenvolver, a partir da vida dos presbíteros e das comunidades cristãs, uma verdadeira cultura vocacional, que permita o florescimento de uma resposta pessoal de todos os batizados.
  2. Cuidar por formar pequenos «núcleos de pré-Seminário» nas comunidades paroquiais, integrando e acompanhado aqueles que manifestem sinais de inquietação vocacional sacerdotal.
  3. Reforçar, em termos de recursos humanos e económicos, o Pré-Seminário, de modo a oferecer a possibilidade de mais encontros para os alunos.
  4. Implementar a etapa propedêutica da formação nos Seminários sendo envolvidas as outras Dioceses com alunos atualmente em formação no nosso Seminário Maior;
  5. Proporcionar aos alunos uma paragem, no final da etapa filosófica, para algumas experiências de intercâmbio com outras Dioceses ou realidades eclesiais, o que constituiria, por analogia com outras experiências dos jovens, uma espécie de Erasmus low cost.
  6. Intensificar uma maior presença e proximidade dos párocos, nos Seminários, que podia inclusive ser planificada, calendarizada e organizada, para não cair no esquecimento.
  7. Cuidar por que os Seminários se façam presentes aos párocos e às comunidades.
  8. Intensificar o trabalho de conjunto entre os vários Secretariados Diocesanos e os Seminários, dando uma dimensão vocacional a toda a ação pastoral,;
  9. Promover a articulação, integração e coordenação dos vários setores da pastoral, na qual se deviam incluir também os Seminários.
  10. No ano de estágio, os seminaristas devem tocar bem de perto a realidade concreta da vida das pessoas (a sua fragilidade, a sua pobreza). Não é conveniente circunscrever a integração pastoral do estagiário a uma dimensão específica da comunidade, pelo contrário, este deve ser ajudado a integrar-se no todo da comunidade eclesial. Foi proposto que os estagiários façam alguma experiência de missão ad gentes.
  11. Seja levada a sério a recomendação da Ratio Fundamentalis de que “é responsabilidade do Bispo evitar que os recém-ordenados sejam colocados em situações excessivamente duras ou delicadas, bem como deverão evitar lugares onde se encontrem trabalhando longe dos colegas. Pelo contrário, será bom, se possível, propor alguma forma conveniente de vida comum”.
  12. Quanto à formação teológico-pastoral, foi sugerido que se proporcionasse aos presbíteros alguma formação suplementar, de caráter mais pastoral.

(inf: padre Amaro Gonçalo, Secretário da Comissão Permanente do Conselho Presbiteral)