É diferente o mundo de sentimentos do paciente que se sujeita a uma operação que sabe melindrosa ou o do médico que realiza essa intervenção cirúrgica. Como é diferente enviar ajuda humanitária pontual para uma situação de calamidade ou fazer vida diária com as pessoas que vivem continuamente em situação de pobreza. É muito diferente.
É por isso que admiro imensamente os missionários –sacerdotes, religiosas e leigos, por vezes famílias inteiras- que podendo ter uma vida «normal», se dispõem a fazer-se «próximo» e partilhar as suas angústias e esperanças com aqueles que, anteriormente, nem sequer conheciam. Espanto-me, de facto, com esses que suportam voluntariamente a incerteza de não terem garantida a alimentação do dia seguinte, de saberem que podem adoecer sem esperanças de tratamento, de conviver com a miséria física e moral sem se deixarem arrastar para ela.
E maravilho-me como, no meio dessa penúria, ainda têm capacidade para anunciar que Deus é Pai amoroso, que Jesus fez sua a nossa sorte, que o Espírito nos impulsiona na direção do “Reino de verdade e de vida, de justiça, de amor e de paz”. Surpreendo-me por saberem testemunhar, promover e atuar uma salvação integral que contempla a totalidade do físico e do espiritual.
Estamos no “Ano Missionário Extraordinário”. É altura de recordar estes heróis que permanecem silenciosos, mas não se afastam de quem deles carece. É altura de pensar nesses que não se deixam dormir em qualquer jardim das oliveiras enquanto o Mestre sofre. Mesmo que esse sofrimento aconteça na pessoa do pobre e indigente. E é altura de lhes copiar o exemplo. Sim, de lhes copiar o exemplo e alargar muito mais o número dos que já o fazem.
A eles, a todos os missionários, o sentimento da minha profunda admiração.
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