Memória litúrgica de São Paulo VI será celebrada a 29 de Maio

O Papa Francisco estabeleceu que a memória de São Paulo VI seja inscrita no Calendário geral da Igreja de Rito Romano. O dia da celebração será 29 de maio, data da sua ordenação presbiteral em 1920, uma vez que no dia do seu nascimento para o céu (6 de agosto) se celebra a festa da Transfiguração do Senhor. Esta decisão foi tornada pública no passado dia 6 de fevereiro com a divulgação de um decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, com a data de 25 de Janeiro.

Este Decreto apresenta uma breve biografia deste santo que deixou uma marca tão profunda na Igreja do nosso tempo. Transcrevemos o que se diz acerca da sua atividade após a sua eleição para suceder a João XXIII, em 21 de junho de 1963:

«Perseverou infatigavelmente na obra iniciada pelos seus predecessores, em particular, levando a cabo o Concílio Vaticano II. Levou a bom termo numerosas iniciativas como sinal da sua viva solicitude nos confrontos da Igreja com o mundo contemporâneo. Entre estas, recordam-se as suas viagens na qualidade de peregrino, realizadas como actividade apostólica e que serviam, por um lado a preparar a unidade dos Cristãos, e por outro, a reivindicar a importância dos direitos fundamentais dos homens. Exerceu ainda o seu Magistério em favor da paz, promoveu o progresso dos povos e a inculturação da fé. Deu cumprimento à reforma litúrgica aprovando ritos e orações seguindo ao mesmo tempo a tradição e adaptando-os aos novos tempos e promulgando com a sua autoridade, para o Rito Romano, o Calendário, o Missal, a Liturgia das Horas, o Pontifical e quase todos os Rituais, a fim de favorecer a participação dos fiéis na liturgia. Do mesmo modo, empenhou-se em que as celebrações pontifícias fossem revestidas de uma forma mais simples. A 6 de Agosto de 1978, no Castelo Gandolfo, entregou a alma a Deus e, segundo as suas directrizes, foi sepultado humildemente, do mesmo modo como tinha vivido».

Os textos litúrgicos próprios da nova «memória», foram publicados em latim juntamente com o Decreto. Cabe às Conferências Episcopais diligenciar pela sua tradução nas diversas línguas. Esperamos que, até à data da celebração, os textos estejam disponíveis em português no «sítio» do Secretariado Nacional de Liturgia.

O Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, numa nota de apresentação, comenta a oração Coleta que resume de forma superior o perfil espiritual do Santo. Começa-se por referir o que a graça divina realizou neste santo:

«Confiastes a vossa Igreja à guia do Papa São Paulo VI, apóstolo corajoso do Evangelho do vosso Filho fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, possamos cooperar convosco para dilatar no mundo a civilização do amor.   Estão aqui sintetizadas as principais características do seu pontificado e do seu ensinamento: uma Igreja, que pertence ao Senhor (Ecclesiam Suam), dedicada ao anúncio do Evangelho, como recordava na Evangelii nuntiandi, chamada a testemunhar que Deus é amor».

As leituras para a celebração da Missa são do Comum dos Pastores, da secção relativa aos Papas: Leitura I: 1 Cor 9, 16-19.22-23; Sl resp.: Sl 95/96, 1-2ª.2b-3.7-8ª.10; Vers. Aleluia: Mc 1, 17; Evangelho: Mt 16, 13-19. Havia muitos e maravilhosos textos por onde escolher a Segunda Leitura do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas. A opção recaiu no discurso de
encerramento da última sessão pública do II Concílio do Vaticano, em 7 de dezembro de 1965. Destacamos o parágrafo final dessa leitura, segundo uma tradução que se pode ler no «sítio» do Vaticano:

«E se recordamos, veneráveis Irmãos e amados Filhos, todos vós que estais aqui presentes, como no rosto de todo o homem […] devemos descobrir o rosto de Cristo, o Filho do Homem; e se no rosto de Cristo devemos descobrir o rosto do Pai celestial, segundo aquela palavra: «quem me vê a mim, vê também o Pai», o nosso humanismo muda-se em cristianismo, e o nosso cristianismo faz-se teocêntrico, de tal modo que podemos afirmar: para conhecer a Deus, é necessário conhecer o homem».