
Por Joaquim Armindo
Muita semente cai do outro lado do caminho, e nós não conseguimos ver se frutifica ou não. Simplesmente, verdade! Mas temos que ver se cresce ou não, ou a colheita não é da lavra de quem semeou neste lugar e neste tempo? O texto em que Jesus coloca esta parábola, é muito claro, não pertence a nós colhermos o que quer que seja. Compete-nos lançar a semente e tratar que cresça. A questão foi-me colocada por um dos leitores que apresenta as Jornadas Mundiais da Juventude realizadas no Panamá, com o seu milhão de jovens e a da diocese do Porto, que acolheu cerca de 2 000 jovens. Vão – diz-me –, porque são alguns dias de liberdade, alegria, mas depois viram as costas à igreja. Sim – digo eu –, talvez seja verdade, mas nós estaremos nestas jornadas com objetivos de “encher-os-bancos-das-igrejas”, ou de proclamar o Evangelho de Jesus? Depois aparecem para fazer os trabalhos que temos nas paróquias – perguntou? Mas isso não é essencial, a essência está nas práticas do dia-a-dia, e nos desafios da vida, se a Palavra é compreendida nas suas ações.
A primeira constatação prática, que nos dita a vida, é que estes acontecimentos, marcam indelevelmente a vida das raparigas e dos rapazes, que as experimentam. O convívio, a oração, o louvor, os beijos, os abraços, os conhecimentos, estes ficam entranhados no ser de cada jovem. Jamais esquecem, tal como nós podemos dizer, que nos nossos tempos estivemos aqui ou acolá. Não é, mas é quase, uma graça batismal, que insere nos corações Vida, e Vida em abundância. A experiência demonstra que esta “marca” jamais será transformada em “nada”. Por onde se passa, a “marca” fica lá. Só que não é uma troca comercial, uma “marca comercial”, por isso não se verá! Dado que não é um negócio, nem nós somos negociantes, porque se torna uma Graça, e isso é gratuito, seria uma falta de Fé, dizermos “vais-a-isto-para-vires-depois”. Somos os cultivadores, mas não os usufrutuários.
A segunda, é que por mais voltas que dermos o Espírito do Senhor há de soprar através delas e deles, na suas caminhadas. Se é connosco ou não, o Senhor proverá. Ou somos nós que duvidamos da nossa própria Fé?