
10 de fevereiro de 2019
Leitura do Livro de Isaías Is 6, 1-2a.3-8
«Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!».
Salmo Responsorial Salmo 137 (138)
Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, Senhor.
Leitura da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios 1 Cor 15, 1-11
«Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou, e a graça que Ele me deu não foi inútil».
Aclamação ao Evangelho Mt 4, 19
Aleluia. Repete-se
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Lc 5, 1-11
«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca».
«Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens».
Leitura do Livro de Isaías Is 6, 1-2a.3-8
No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».
Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial Salmo 137 (138), 1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R. 1c)
Refrão: Na presença dos Anjos,
eu Vos louvarei, Senhor. Repete-se
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. Refrão
Hei-de louvar o vosso nome
pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. Refrão
Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor. Refrão
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. Refrão
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios Cor 15, 1-11
Irmãos: Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Tanto eu como eles, é assim que pregamos e foi assim que vós acreditastes.
Palavra do Senhor.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Lc 5, 1-11
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Palavra da salvação.
VIVER A PALAVRA
Tendo presente as recentes imagens que nos chegaram das Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá, com muitos milhares de jovens reunidos para celebrar a fé, para se encontrarem com o Sucessor de Pedro e para renovarem o encontro com Jesus, torna-se mais fácil compreender as palavras com que abre o Evangelho deste Domingo: «naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus».
São muitos os que acompanham Jesus e vêm ao Seu encontro e, com toda a certeza, levados pelas mais diversas motivações. A fama de Jesus facilmente se difundia mesmo na ausência das redes sociais e dos mais sofisticados meios de comunicação social. Ao longe e ao largo se iam difundindo os Seus milagres, as Suas palavras cheias de autoridade, o amor dito em gestos concretos que fazia de cada encontro um lugar transformador.
Muitos vêm ao encontro de Jesus pela curiosidade de ver com os seus próprios olhos os milagres e prodígios que realiza. Outros para escutar as palavras cheias de autoridade que saem dos Seus lábios. Muitos, com certeza, motivados pela esperança de serem curados das suas doenças e sofrimentos. Tantos outros, procurando um sentido para a Sua vida. São diferentes as motivações que fazem aquela multidão aglomerar-se em torno de Jesus. Contudo, hoje, somos nós, os que nos reunimos com Jesus. Dois mil anos depois, como as multidões de outrora, vamos ao Seu encontro. Mas, porque nos queremos encontrar com Jesus? Vamos ao Seu encontro levados pela curiosidade ou para acolher a Sua Palavra e nos deixarmos interpelar pelo Seu amor?
Aqueles que se encontram de verdade com Jesus e se deixam moldar pela Sua Palavra transformam de verdade as suas vidas: as noites mais sombrias e estéreis tornam-se manhãs luminosas e cheias da alegria abundante que nasce do encontro com Ele. Assim aconteceu com Pedro que tendo andado na pesca toda à noite não tinha pescado nada. Mas Jesus convida-o a lançar as redes: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Pedro mesmo sabendo do insucesso daquela noite, ousa lançar as redes, acolhendo o desafio de Jesus e assim foi surpreendido pela abundância do peixe que parecia romper a rede. Na verdade, quando a nossa fragilidade e pequenez se abrem à misericórdia e à bondade de Deus, acolhendo os seus desafios, a nossa vida torna-se um lugar fecundo. O nosso pouco com Deus pode tornar-se muito, mas, ao invés, o nosso muito sem Deus serve para muito pouco. Por isso, Pedro, diante desta pesca abundante, sente-se indigno de estar na presença de Jesus: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Este sentimento de fragilidade, pequenez e indignidade está já presente na primeira leitura, quando Isaías contemplando a glória de Deus afirma: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros».
Contudo, com Jesus aprendemos que o medo deve dar lugar à confiança – «Não temas!» – pois o maior milagre não é a pesca abundante, mas Jesus que não se deixa intimidar pelas nossas desilusões, fragilidades ou pecados e nos confia uma missão: «Daqui em diante serás pescador de homens». O olhar que Jesus nos dirige vê para lá das aparências e debilidades e abre-nos a porta da esperança, porque na semente lançada no nosso coração, Jesus consegue ver a árvore que pode nascer e florir com a Sua graça.
Homiliário patrístico
Do Sermão de São Leão Magno, papa, sobre as Bem-aventuranças (Séc. V)
Depois do Senhor, os Apóstolos foram os primeiros a dar-nos o exemplo desta magnânima pobreza. À voz do divino Mestre deixaram tudo o que tinham; num momento, passaram de pescadores de peixes a pescadores de homens e conseguiram que muitos, imitando a sua fé, seguissem o mesmo caminho. Com efeito, entre aqueles primeiros filhos da Igreja, todos os crentes tinham um só coração e uma só alma; deixavam todas as suas posses e haveres para abraçarem generosamente a mais perfeita pobreza e enriquecerem-se de bens eternos; assim aprendiam da pregação apostólica a encontrar a sua alegria em não ter nada neste mundo e tudo possuir em Cristo.
Por isso, quando o apóstolo São Pedro subia para o templo e o coxo lhe pediu esmola, disse-lhe: Não tenho ouro nem prata; mas dou-te o que tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda. Que há de mais sublime que esta humildade? Que há de mais rico que esta pobreza? Não tem a força do dinheiro, mas concede os dons da natureza.
Aquele a quem sua mãe deu à luz enfermo de nascimento, a palavra de Pedro o tornou são; e aquele que não pôde dar a imagem de César gravada numa moeda ao homem que lhe pedia esmola, restaurou nele a imagem de Cristo dando-lhe a saúde.
E este tesouro não enriqueceu apenas aquele homem que recuperou a possibilidade de andar, mas também os cinco mil homens que, ante esta cura milagrosa, acreditaram na pregação do Apóstolo. Assim aquele pobre, que não tinha nada que dar a um pedinte, distribuiu tão abundantemente a graça divina que não só restituiu o vigor aos pés de um coxo, mas também a saúde da alma a tantos milhares de crentes: encontrou-os sem forças na infidelidade judaica e restituiu-lhes a agilidade para seguirem a Cristo.
Indicações litúrgico-pastorais
1. A Liturgia da Palavra do V Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir na dimensão vocacional da vida cristã, desde a fragilidade da nossa natureza à grandeza da missão que Deus coloca em nossas mãos. Deste modo, este Domingo constitui-se como uma especial oportunidade para abordar esta temática, retomando, por exemplo, as temáticas do último Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Uma dinâmica que envolva a catequese e a pastoral juvenil pode ser também uma boa sugestão para tratar este tema.
2. Para os leitores: a primeira leitura apresenta uma alternância entre as descrições da visão de Isaías e o discurso directo presente no texto. Por isso, o leitor deve ter um especial cuidado quer no tom empregue durante as descrições, quer no discurso directo que apresenta inclusive as aclamações dos Serafins. A segunda leitura, tal como nos acostumamos no epistolário paulino, apresenta longas frases com diversas orações. Deste modo, a leitura requer uma boa preparação nas pausas a fazer, na articulação das diversas orações, para que a mensagem seja claramente compreendida.
Sugestões de cânticos
Entrada: Vinde, prostremo-nos em terra – A. Cartageno (L 867); Salmo Responsorial: Na presença dos anjos, eu Vos lourarei, Senhor (Sl 137) – M. Luís (SRML, p. 290-291); Aclamação ao Evangelho: Aleluia. Vinde comigo – M. Simões (Guião 2013 -XXXIX ENPL); Ofertório: Tomai, Senhor, e recebei – J. Santos (Guião 2012 – XXXVIII ENPL); Comunhão: Deixando as redes e o pai – F. Silva (Guião 2012 XXXVIII ENPL); Final: Faz-te ao largo – M. Carneiro (CVM, p. 86-88).