Em entrevista à VP, o diretor adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, padre Abel Canavarro, assinalou a importância do acolhimento na pastoral familiar apontando a necessidade de saber escutar. “O Evangelho da Família em tempos de mudança” foi o tema das Jornadas de Teologia no Porto.
Por Rui Saraiva
Decorreu de 4 a 7 de fevereiro no Campus Foz da Universidade Católica Portuguesa no Porto mais uma edição das Jornadas de Teologia. Desta vez o tema proposto foi: “O Evangelho da Família em Tempos de Mudança”. Um programa diversificado de comunicações permitiu uma abordagem larga e abrangente deste assunto.
O nº 59 da Exortação Apostólica do Papa Francisco “A alegria do amor” serviu de mote para estas Jornadas de reflexão com as seguintes palavras do Santo Padre: “O nosso ensinamento sobre o matrimónio e a família não pode deixar de se inspirar e transfigurar à luz deste anúncio de amor e ternura, se não quiser tornar-se mera defesa duma doutrina fria e sem vida. Com efeito, o próprio mistério da família cristã só se pode compreender plenamente à luz do amor infinito do Pai, que se manifestou em Cristo entregue até ao fim e vivo entre nós. Por isso, quero contemplar Cristo vivo que está presente em tantas histórias de amor e invocar o fogo do Espírito sobre todas as famílias do mundo”. (Amoris Laetitia, n.59)
Pastoral para pessoas e não para o rebanho
Em entrevista à VP o padre Abel Canavarro, diretor adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, recordou que estas Jornadas são já um acontecimento anual com uma longa história, desde a “implementação da Faculdade de Teologia no Porto” e que, nos últimos anos, são organizadas em parceria com a Diocese do Porto em ordem à “formação permanente do Clero”.
O padre Abel Canavarro revelou que as Jornadas deste ano pretenderam tocar a realidade da Família procurando “abrir horizontes” novos. Acentuando a importância das comunidades para o acolhimento dos casais e das famílias, assinalou a necessidade de ser feita “uma pastoral de pessoas e não uma pastoral para o rebanho”.
“Nesta atitude que o Papa nos diz de acolhermos as pessoas, de sabermos ir ao encontro, fazermos aquilo a que eu poderia chamar de uma pastoral de pessoas e não uma pastoral para o rebanho” – afirmou.
“Uma pastoral personalizada que saiba acolher as pessoas e integra-las” – realçou o padre Abel Canavarro tendo declarado a necessidade de ser feito um trabalho de “mentalização das comunidades” para a gradualidade do acolhimento das famílias.
Por uma pastoral da escuta
A propósito da formação dos seminaristas o diretor-adjunto da Faculdade de Teologia afirmou ser importante preparar os novos presbíteros para “acolher pessoas e não dar receitas”, tendo assinalado métodos como o “diálogo pastoral” e o “discernimento”.
“Nós insistimos nesta vertente seja ao nível da formação no seminário, seja ao nível do 6ºano do Curso de Teologia onde são tocados estes aspetos, inclusive a questão do diálogo pastoral e do discernimento. Estamos a fazer um esforço para desenvolvermos uma mentalidade nos novos padres de acolher pessoas e não tanto de dar receitas. Acolher pessoas. E sobretudo para nós padres e para os padres que estamos a formar é importante desenvolver aquilo que eu costumo chamar de pastoral da escuta. Porque, às vezes, nós sabemos dar receitas mas não sabemos escutar” – declarou o padre Abel Canavarro.
De realçar nestas Jornadas a variedade de temas que foram desenvolvidos, tais como, a família na realidade fiscal portuguesa, a valorização das crianças, a Igreja como famílias de famílias, o Evangelho no Novo Testamento, as situações familiares irregulares e a ideologia do género.