
A Universidade Católica, no Porto, faz quarenta anos. E, a nível nacional, a Faculdade de Teologia cumpre cinquenta primaveras. Parabéns à mãe e à filha.
Parabéns pelas suas vidas e, não menos, congratulações por aquilo que representam: um espinho cravado na consciência do Estado a lembrar-lhe que este pode fazer mais e melhor. Ou, no mínimo, a desafia-lo para que deixe fazer quem sabe fazer. Eu explico.
Se dividirmos o que o Governo gasta com o seu ensino superior pelo número de alunos que o frequentam, dá qualquer coisa como 7.700 euros por matrícula/ano. Dinheiro que, obviamente, sai dos bolsos de todos nós, mediante os impostos. Se, a esse quantitativo, juntarmos mais cerca de 800 euros de propinas, que pagam as famílias, cada aluno do ensino universitário estatal fica por 8.500 euros. Pois bem, a Católica faz isso por cerca de metade: nem mais nem menos do que por uma média de 4.500 euros.
Aqui é que reside a diferença: está presente nos mais conceituados rankings mundiais, colabora afincadamente para o bem comum, contribui para o desenvolvimento do país e recebe do Estado… zero. Zero vírgula zero. Mesmo quando este é infiel à palavra dada e aos acordos escritos, como é o caso do Centro Regional de Viseu: à base da lei que prevê benefícios para quem se fixe no Interior, o Estado comprometeu-se a subsidiar o Curso de Medicina Dentária. Pois, sem dá cá essa palha, cortou unilateralmente o financiamento e ficou a dever qualquer coisa como 500.000 euros. Se fosse ao contrário, havia de ser bonito…
O que falta ao Estado em justiça social sobra-lhe em exigência: é um Estado perito em inspeções, análise dos documentos, longos processos de creditação, fazedor de avaliações sobre avaliações. Um Estado «pai tirano» que não ajuda, não entusiasma, não acarinha alguns dos seus filhos. A Católica e as privadas. Pelo contrário, faz gala em mostrar publicamente dualidade de critérios, preferências exclusivistas, promoção de alguma mediocridade. Mesmo que isso custe os olhos da cara aos contribuintes.
O Estado existe para promover a paz social, velar pelos mais pobres e fomentar a justiça. Mas podemos colocar a nossa confiança em quem é vesgo na relação com os seus e se ufana de uma dualidade de critérios que considera uns como filhos e outros como enteados?
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