“Da Arte à Ciência, um roteiro pela cultura”: formação dos professores de EMRC

No passado sábado, dia 26 de janeiro, o Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja na Escola (SDEIE) promoveu um dia formativo, para os professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), no qual participou também o Diretor do Departamento de EMRC do Secretariado Nacional da Educação Cristã. Tendo em conta uma das componentes do desafio “Da arte à ciência, um roteiro pela cultura”, a iniciativa teve lugar na Igreja de Cedofeita, Porto, que foi recentemente alvo de uma intervenção artística qualificativa e significativa.

O encontro, depois da oração inicial, começou com uma intervenção de Dom António Augusto Azevedo, que colheu da experiência do Sínodo e do seu Documento final alguns desafios para a educação das novas gerações, em contexto escolar. Nas palavras que dirigiu aos docentes, explicou a necessidade de conhecer as raízes e a “memória” da experiência cristã e, ao mesmo tempo, a urgência de aprender a escutar e a dar voz aos mais novos. “Devemos tomar consciência de que antes de nós já havia Igreja e depois de nós continuará a haver. Devemos, pois, resistir à tentação de nos considerarmos insubstituíveis”.

O bispo auxiliar apontou às cerca de duas centenas de professores, alguns desafios para o futuro da edução cristã na diocese e na Igreja, nomeadamente o do professor “que acompanha, está disponível para fazer caminho e ajuda a discernir”. Neste contexto, D. António Augusto Azevedo desafiou os docentes a ajudarem os jovens no seu processo de descoberta vocacional: “Vós tendes, na escola, para além dos vossos trabalhos e matérias, a missão de ajudar os mais novos a entender a vocação não como algo fechado, mas como um chamamento à vida e que necessita de escuta, de se dispor a fazer caminho para que a vocação possa ser vivida e descoberta em plenitude”.

Depois de um momento musical, com o organista Nuno Almeida, no Órgão de tubos da Igreja, foi a vez de escutar o Doutor Joaquim Félix Carvalho, investigador no Centro de Investigação em Teologia e Estudos da Religião da UCP e docente da Faculdade de Teologia, em Braga. Foi também ele o responsável pela planificação teológica e litúrgica do espaço da renovada Igreja de Cedofeita, no Porto. Aos professores, e perante uma intervenção “arrojada do ponto de vista da estética e da imagética”, o especialista começou por situar a intervenção nas Igrejas na atualidade dentro do “contexto do movimento da reforma litúrgica que culminou com o Concílio Vaticano II”.

O padre Joaquim Félix afirmou que “o modo como construirmos as nossas Igrejas constituirá, por excelência, o modo como viveremos a nossa fé como comunidade”, pelo que “não é irrelevante o modo como construímos os espaços litúrgicos e o modo como ocupamos o espaço litúrgico”. Depois de almoço, foi a vez de pôr em diálogo a ciência e a fé. Para o tema, foi convidado o Pe. Álvaro Balsas, S.J. investigador no Centro de estudos filosófico-humanísticos da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP, onde leciona.

O autor fez a história desta relação entre a ciência e a fé e o necessário caminho a fazer-se continuamente, sem que uma comprometa ou dispense a outra. Nem a ciência pode cair no seu próprio endeusamento dogmático, nem a fé pode ser perspetivada como algo de “irracional”, a alocar no baú das velharias, como se representasse um estágio primitivo do conhecimento humano. O jesuíta deu muitos e bons exemplos deste diálogo entre a ciência e a fé, desde as origens do cristianismo, até aos tempos de hoje, como vias complementares do acesso à verdade.

A formação revelou-se muito pertinente, sobretudo porque a Disciplina de EMRC é hoje um instrumento essencial para este espaço dialogal entre a fé e a ciência, entre a fé e a cultura, nas suas diversas expressões e linguagens.

(inf: EMRC)