Mensagem (19): Jovens, caminho da Igreja

No final da Vigília de Oração, no Panamá, o Papa Francisco começou por garantir aos participantes: “Queridos jovens, nunca estais sozinhos no vosso caminho da fé”. Mas quer dizer que se correu ou corre o risco de a Igreja abandonar os jovens? E será que a fé não é algo de imutável e adquirido, mas um caminho a percorrer?

Possivelmente, a nossa pastoral nem sempre assumiu a juventude como uma efetiva prioridade. É provável que alguma psicologia apressada e as imensas energias gastas na catequese de infância nos levem a dar como adquirido que, assimilada a fé nessa faixa etária, se vai manter por toda a vida. Ora, como diria o outro, isso é “quod erat demonstrandum”.

A perspetiva de Paulo VI era outra. Na Evangelii nuntiandi (nº 72), escrevia: “As circunstâncias atuais convidam-nos a prestar uma atenção muito especial aos jovens. O seu aumento numérico e a sua crescente presença na sociedade e os problemas que os assediam, devem despertar em todos o cuidado de lhes apresentar, com zelo e inteligência, o ideal evangélico, a fim de o conhecerem e viverem. Mas, por outro lado, é necessário que os jovens bem formados na fé e na oração, se tornem cada vez mais os apóstolos da juventude. A Igreja põe grandes esperanças na sua generosa contribuição nesse sentido”.

É claro que a missão da Igreja não se dissolve unicamente na pastoral dos jovens. Porém, sendo a sua razão de existir o serviço concreto às pessoas em situação, não se pode alhear, por razão alguma, deste setor charneira. Como? Assumindo a historicidade, o contexto sociocultural, as situações, a linguagem e as aspirações da gente nova e, nessa terra e com esses meios, propor o Deus de Jesus Cristo como companheiro de viagem, referencial de felicidade e horizonte de significação do sentido da vida.

Claro que, como referia São Paulo VI, a natural socialidade dos jovens torna-os efetivos e fundamentais “apóstolos da juventude”, fermentadores da mente e dos corações dos seus colegas. Daqui que a Igreja e os jovens constituam duas realidades chamadas a relacionarem-se profundamente: quer porque a Igreja, se deseja ser fiel à sua missão recebida, tem de ser para todos “sacramento universal de salvação”, quer porque os jovens, no meio dos seus questionamentos e buscas, realizações e frustrações, necessitam da abertura da salvação que só aquela lhes pode oferecer.

Seja esta a grande mensagem que nos fica das Jornadas Mundiais da Juventude e das nossas celebrações “Panamá in Douro”.  E seja esta também uma referência sólida para a nossa pastoral.

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