“A fé não está em fim de linha”: catequese de D. Manuel Linda no “Panamá in Douro”

Foto: João Lopes Cardoso

Cerca de 250 jovens participaram na Catequese, orientada pelo nosso Bispo, Dom Manuel Linda, na Igreja Paroquial de Valbom, Gondomar, no âmbito da iniciativa diocesana “Panamá in Douro”, que estava então a começar, com pontos de partida em vários locais e com vários bispos na sua missão de mestres da fé, a orientarem uma catequese sobre “Maria, discípula missionária.” A Dom Manuel Linda, coube fazer a catequese, neste ponto de partida. E desenvolveu-a a partir de três tópicos fundamentais:

À imagem de Maria, sede um pequeno resto, que cultiva uma diferença positiva

  1. Num primeiro momento, o bispo lembrou que, muitas vezes, no Antigo Testamento, o Povo de Deus, escolhido e amado por Ele, é personificado por uma Mulher, sob o título de “Filha de Sião” (Is 62,11; Sof 3,14; Zac 2,14;9,9), que é uma figura antecipada da imagem do Povo de Deus, que se espelha, como num modelo, na Virgem Maria. Ela faz parte do pequeno “resto de Israel” (Is 10,20; Jer 31,8). Maria integra o grupo dos mais pobres de Israel, o grupo daqueles que não abandonaram a fé, mesmo quando muitos desertaram, em momentos críticos e difíceis. Este “resto de Israel” inclui a minoria daqueles que aguentaram o embate das dificuldades e permaneceram firmes na fé. Este “resto de Israel” é capaz de “aguentar a diferença”, com a força da sua persuasão, é capaz de cultivar uma diferença positiva. Deste tópico, Dom Manuel viria a sublinhar a importância, para os jovens, de se manterem firmes na fé, mesmo quando parece que a maioria vai noutra direção. Ainda assim, diria, em resposta a uma pergunta de uma jovem, que “a fé não está em fim de linha”, mas “numa fase de equação ou de re-equação”. E que é preciso viver a fé, de modo sereno, sem a impor mas também sem se envergonhar dela.

À imagem de Maria, cultivai a interioridade, para poderdes irradiar o testemunho

  1. O segundo tópico da catequese mariana gravitou em torno daquela caraterística típica de Maria, da qual diz o evangelista São Lucas, por duas vezes, que “guardava todas estas coisas (palavras e gestos de Jesus ou acerca d’Ele) em seu coração” (Lc 2,19.51). A partir daqui o Bispo Diocesano exortou os jovens a cultivarem a interioridade, num tempo reduzido ou seduzido pela exterioridade. Falou da importância do silêncio, da contemplação, da concentração, que gera o espanto e a abertura do coração para o grande “Outro” que é Deus. Sem essa interioridade, não é possível irradiar o testemunho. À semelhança de Maria, é necessário tecer a relação com Deus, a partir do coração, a partir do centro da própria pessoa. Esta força da interioridade dá consistência à fé. Sem ela, o “peso” da vida acaba por nos afastar de Deus. Mas quando se cultiva a interioridade, a fé ganha força difusiva e missionária.

À imagem de Maria, desenvolvei o sentido de pertença, através dos grupos, na Igreja

  1. No último tópico, Dom Manuel lembrou a narrativa dos Atos dos Apóstolos, que destaca a presença de Maria, junto dos primeiros discípulos de Jesus, depois da Páscoa (At 1,12-14). E acentuou a necessidade de reforçar a identidade cristã, por meio da pertença ao grupo dos discípulos, a que chamamos “Igreja”: esta começou por ser um grupo pequeno e familiar, em torno de Cristo Ressuscitado, destacando-se, no seu seio, a presença de Maria, Mãe de Jesus. Exortou os jovens a reforçarem a sua identidade cristã, sintonizando com os que partilham a mesma fé, com os que têm a mesma perspetiva cristã da vida. É importante integrar-se na Igreja, pela participação em pequenos grupos ou movimentos, para se identificar com o grupo maior, a Paróquia e a Diocese, e assim reforçar o sentido de pertença.

Em resposta a algumas perguntas dos jovens, Dom Manuel Linda confessou que não há uma técnica para transmitir a fé e que não tem um manual de procedimentos para levar à prática a missão. O que é importante, disse o Bispo, é viver a fé, com serenidade, sem medo da diferença, na profundidade da experiência pessoal do encontro com Cristo. E, por consequência, essa fé há de apegar-se aos outros, por uma espécie de contágio, mesmo sabendo que muitos outros não se converterão, apesar do nosso bom testemunho.

 

No final, Dom Manuel agradeceu a participação dos presentes e acentuou a impressão que lhe causara a atenção com que os jovens o escutavam. Disse mesmo, “recebi mais de vós, com a vossa atenção silenciosa, do que, porventura, vós, com as minhas palavras”. Os jovens selaram a catequese com uma salva de palmas.

(inf: padre Amaro Gonçalo)