JMJ. Papa na Via Sacra: estar junto da Cruz para acolher e acompanhar quem sofre (c/ audio)

Na Via Sacra da JMJ do Panamá o Papa recordou as vítimas de bullying, as mulheres maltratadas, os jovens que se deixam absorver por uma espiral de morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano.

Por Rui Saraiva

Dia 25 de janeiro, Via Sacra dos Jovens com o Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá: nas várias estações os jovens refletiram sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos migrantes, dos mártires cristãos, a violência sobre as mulheres, a corrupção, o terrorismo, o aborto. Rezaram pelo ecumenismo, pelos Direitos Humanos, pela defesa do ambiente.

Francisco na sua reflexão começou por assinalar “o caminho de Jesus para o Calvário” como sendo “um caminho de sofrimento e solidão que continua nos nossos dias”. Um sofrimento que continua numa sociedade onde impera a indiferença “que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos” – disse o Papa.

O Santo Padre reconheceu que também nós, amigos do Senhor, nos deixamos “levar pela apatia” e pelo “imobilismo”, pois “é fácil cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”

“Para Vós, Senhor, não é assim! Na cruz, identificastes-Vos com todo o sofrimento, com quem se sente esquecido” – declarou o Papa lembrando o “grito sufocado das crianças impedidas de nascer e de tantas outras a quem se nega o direito a ter uma infância, uma família, uma instrução”.

Francisco lembrou também as “mulheres maltratadas”, os “olhos tristes dos jovens que veem ser arrebatadas as suas esperanças de futuro por falta de instrução e trabalho digno” e aqueles que “caem nas redes de pessoas sem escrúpulos”, os jovens que se deixam absorver “numa espiral de morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano”.

O Santo Padre recordou ainda os que vivem na solidão e os que são rejeitados pela sociedade; os idosos que são “abandonados e descartados”; “os povos nativos despojados das suas terras”; a mãe Terra “ferida nas suas entranhas”.

Uma “sociedade que perdeu a capacidade de chorar e comover-se à vista do sofrimento” – afirmou.

Francisco perguntou-se se somos hoje capazes de consolar e acompanhar quem sofre, permanecendo ao pé da Cruz. A este propósito recordou Maria, Mãe de Jesus, “mulher forte” que disse “sim” que “apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança” – disse o Santo Padre.

O Papa afirmou que “também nós queremos ser uma Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes de tantos cristos que caminham ao nosso lado”.

E com Maria “aprendemos a dizer sim” no apoio a quem precisa na família, não nos calando perante uma “cultura dos maus-tratos” e do “abuso, do descrédito e agressão”. Dizer sim acolhendo os abandonados, os que perderam a sua terra, a família ou o emprego.

“Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar” – declarou o Papa.

No final da sua reflexão Francisco pediu ao Senhor para que nos ensine a estar junto de Jesus, “com Maria e tantos discípulos amados que desejam acolher” o Reino de Deus no seu coração.