Em entrevista, Luís Pedro Martins, diretor executivo da Irmandade dos Clérigos, aborda este novo desafio recordando o percurso de 4 anos numa grande instituição da diocese do Porto.
Por Rui Saraiva
No passado dia 18 de janeiro, Luís Pedro Martins, diretor executivo da Irmandade dos Clérigos, foi eleito presidente da entidade do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Tem 50 anos, é licenciado em Design e pós-graduado em Marketing Management. Do seu currículo destaca-se o seu empenho político tendo sido deputado da Assembleia da República em duas legislaturas.
Em entrevista pronuncia-se sobre este novo desafio ao serviço da entidade do Turismo do Porto e Norte de Portugal e recorda o percurso feito como diretor executivo da Irmandade dos Clérigos e o trabalho como responsável por um monumento que identifica a cidade do Porto em todo o mundo: a Torre dos Clérigos.
P: Como é que surgiu este desafio?
R: É, de facto, um grande desafio que surgiu de uma conversa entre alguns autarcas da região e também alguns responsáveis por entidades privadas, todos eles fazendo parte da entidade do Turismo do Porto e Norte de Portugal como associados. Procuravam alguém com um perfil que fosse ao encontro dos requisitos que queriam. E esse convite é feito numa altura em que beneficiei também da notoriedade e visibilidade do trabalho aqui realizado na Torre dos Clérigos, na Igreja e no Museu.
P: Que requisitos é que são necessários para este lugar de responsável pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal?
R: Houve aqui a procura de alguém que estivesse muito envolvido no turismo mas que também tivesse um bom conhecimento daquelas que são as ferramentas que mais importam para o sucesso do mandato na entidade, nomeadamente, o marketing e a promoção, onde eu tive a vantagem de trabalhar nestas áreas há muitos anos. Toda esta conjugação terá indicado um bom perfil para poder ser candidato e foi-me feito esse convite. Acho que é um desafio enorme numa região enorme.
São 86 municípios, um território muito grande, mas é interessante saber que mediante aquele que for o nosso trabalho vamos poder mexer na economia da região e, assim, dando melhores condições de vida àqueles que lá vivem. Para a Irmandade dos Clérigos e para a diocese do Porto é, com certeza, um orgulho, que alguém que está a 100% ligado à Irmandade dos Clérigos tenha recebido este convite.
P: Há quanto tempo é que está aqui na Irmandade dos Clérigos?
R: Eu fui convidado pelo padre Américo Aguiar logo na altura da reabertura para um grande desafio: devolver à cidade, ao país e ao mundo este emblema da cidade do Porto. Na altura, com a preocupação do padre Américo Aguiar de que se constituísse aqui uma equipa o mais profissional possível nestas áreas da gestão, do marketing, da comunicação e da assessoria de imprensa.
E eu acho que nós o fizemos e bem sempre com um relacionamento excecional, quer com o padre Américo Aguiar e o resto da equipa quer também com a Irmandade e a diocese.
P: Da recuperação do património até aos resultados turísticos o que é que salientaria destes 4 anos?
R: Podemos referir que conseguimos o reconhecimento da região através do Prémio da CCDRN como emblema regional, conseguimos a nível nacional o Prémio Vasco Vilalva da Fundação Calouste Gulbenkian, mas também fomos à chamada “Champions League” conseguindo o reconhecimento da União Europeia com o Prémio Europa Nostra que fomos em 2017 buscar à Finlândia.
Em termos de reconhecimento da preservação do património cultural não poderia ter corrido melhor. Depois em termos de número de visitantes é algo de incrível que, sinceramente, nem nas nossas melhores expectativas, nós achávamos que fosse possível alcançar. Em 2018 entre aqueles que passam na receção e os que vão à Igreja e que antes não conseguíamos contabilizar, mas que a partir deste ano já foi possível, tivemos 1 milhão e 300 mil visitantes. Isto coloca-nos nos primeiros lugares em número de visitantes a nível nacional. Continuamos com a nossa atividade cultural: temos concertos diários gratuitos dos nossos órgãos históricos. O culto continua a ser uma grande preocupação desta Igreja: a missa semanal ao domingo à noite e depois, somos procurados para outras celebrações, tais como, casamentos e batizados de grupos que vêm mesmo de outros países devidamente acompanhados por um sacerdote.
P: E agora a passagem da projeção de uma instituição tão importante da cidade e da diocese do Porto para promover o Norte de Portugal. Tem algumas ideias para implementar nos primeiros 100 dias?
R: Este é um território muito grande com muitos municípios com muitas entidades. Eu gostava que se começasse a passar a ideia de que juntos somos mais fortes. Não queria que entrássemos numa gestão de capelinha em que toda a gente tenta fazer a sua coisa pequenina e depois quer o apoio da entidade.
Eu queria que percebêssemos que se juntarmos esforços conseguimos eventos de maior dimensão sendo que, de certeza absoluta, beneficiam todos. A região é fantástica: tem mar, rio, reserva da biosfera, património cultural imenso, gastronomia e ao nível do turismo religioso das melhores coisas a nível nacional.
P: Durante esta entrevista fomos ouvindo o Carrilhão dos Clérigos. Vai sentir falta?
R: Vou sentir falta do Carrilhão, vou sentir muita falta mesmo, digo-o com toda a sinceridade, do ambiente que se vive aqui nesta equipa da Irmandade dos Clérigos. Uma equipa sempre muito motivada, que tem que estar motivada, porque recebe muitos visitantes durante o ano num horário muito alargado.
P: Então podemos dizer que é um até já?
R: Seguramente. Eu não gosto de me eternizar nos lugares. Será uma missão que vou fazer durante um período, mas espero voltar a cruzar-me com a vida deste belo monumento e desta instituição da diocese do Porto e gostaria de agradecer a pessoas que em mim confiaram como o padre Américo Aguiar, o Dom Manuel Clemente, o Dom António Francisco dos Santos, com uma saudade imensa, e também, mais recentemente, Dom Manuel Linda que me deu força para abraçar esta missão transmitindo-me o seu apoio.
Luís Pedro Martins abraça agora o desafio de promover o turismo do Porto e do norte de Portugal, depois de 4 anos de atividade na Irmandade dos Clérigos na diocese do Porto organizando e promovendo um ícone português do turismo religioso: a Torre do Clérigos.