Decorreu no dia 8 de janeiro de 2019, no Centro de Cultura Católica, a quarta sessão do ciclo A Igreja em saída: Viagem pela Igreja de Francisco, organizado pelo CCC, conjuntamente com a Formação do Diaconado Permanente, o Secretariado Diocesano das Missões e o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, em sintonia com o lema do ano 2018/2019 e no contexto do Ano Missionário especial. O ciclo apresenta o estilo pastoral do papa Francisco e o seu modo de ver a missão da Igreja.
Nesta sessão, D. António Augusto Azevedo, bispo auxiliar do Porto, proferiu uma conferência subordinada ao tema Os jovens e a missão da Igreja: Um olhar sobre o Sínodo dos bispos. Partindo da sua participação no Sínodo realizado em outubro sobre Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, teve oportunidade de partilhar com os presentes a sua experiência sinodal e de se referir às etapas que levaram àquela assembleia sinonal e dela dimanam, e mais detalhadamente ao seu documento final.
A abrir a sessão foi projetado um pequeno vídeo, com imagens da assembleia sinodal, com os elementos fundamentais da sua realização e com entrevistas a alguns padres sinodais e jovens auditores, expressivos das temáticas discutidas e do ambiente vivido.
Em seguida, D. António Augusto tomou a palavra para saudar os presentes, agradecer o convite e refletir sobre a sinodalidade como caminho da Igreja no terceiro milénio, a partir do que o papa Francisco escreveu na constituição Episcopalis communio, publicada no mês antecedente à assembleia sinodal. Sublinhou particularmente o facto do Sínodo partir do povo de Deus e também nele terminar, numa sucessão de fases que parte da preparação, passa pela celebração e converge na aplicação.
Percorreu depois as etapas do itinerário sinodal sobre os jovens, designadamente o documento preparatório que desencadeou a escuta; o questionário on-line com mais de 100.500 respostas completas provindas de todas as áreas do globo; o seminário internacional sobre a condição juvenil de setembro de 2017; a reunião pré-sinodal de março de 2018; e o Instrumentum laboris de junho. Concluiu esta parte, reportando-se à assembleia sinodal, que decorreu de 3 a 28 de outubro, e considerando a sua constituição e o seu decurso, nomeadamente a reflexão e debate de cada uma das partes do Instrumentum laboris. Sublinhou que «os Padres sinodais colocaram-se em atitude de escuta dos jovens. Uma escuta aberta, respeitosa, orante, com a consciência de que eles são a esperança do presente e do futuro, procurando reconhecer os seus desafios, interpretá-los à luz da fé, e fazer escolhas corajosas para ir ao seu encontro».
Na segunda parte da intervenção, D. António Augusto apresentou o documento final, nas suas três partes sob o ícone do episódio dos discípulos de Emaús: «caminhava com eles»; «abriram-se-lhes os olhos»; «partiram imediatamente». A propósito da primeira parte, referiu-se a uma Igreja que escuta e procura ler a realidade e a três nós cruciais para o mundo juvenil: o ambiente digital como cultura em que os jovens vivem imersos e como lugar irrenunciável para a eles chegar; os migrantes como paradigma do nosso tempo e como oportunidade de acolhimento e de enriquecimento das comunidades; os abusos como fenómeno difuso na sociedade e como obstáculo à missão da Igreja. Deteve-se ainda na questão da identidade e das relações, focando papel da família e as relações intergeracionais, o corpo e a afetividade, e as formas de vulnerabilidade, vindas do mundo do trabalho, dos contextos de guerra e violência, da marginalização e exclusão social ou de experiências de sofrimento. Referindo-se à juventude de hoje, destacou a sua preferência pela imagem, pela emoção e sensação, pelo concreto e operativo, a importância da diversidade de contextos para a vivência da fé, a atração dos jovens pela pessoa de Jesus e por uma liturgia viva, assim como o seu desejo de participação e protagonismo. No que se refere à segunda parte do documento, o bispo aludiu à juventude como um dom, ao mistério da vocação, à missão de acompanhar e à arte de discernir. Mencionou especificamente que «os jovens são portadores de uma inquietação, que deve ser acolhida, respeitada, acompanhada com liberdade e responsabilidade» e que o discernimento se assume como muito relevante enquanto «processo pelo qual se tomam decisões importantes».
Considerando a terceira parte, D. António Augusto afirmou que caminhar com os jovens não é «fazer qualquer coisa para eles, mas é viver em comunhão com eles, crescendo juntos na compreensão do Evangelho». Depois de referir que o processo sinodal continua, apontou a necessidade de caminhar juntos no quotidiano e em cada comunidade e de entender em chave vocacional a pastoral juvenil, pois «só na dimensão vocacional toda a pastoral encontra um princípio unificante». Indicou ainda alguns desafios urgentes para um renovado impulso missionário, no que se refere à missão em ambiente digital, aos migrantes, às mulheres na Igreja, à sexualidade, à economia, política, trabalho e casa comum, aos contextos interculturais e religiosos e à formação integral. Concluiu com uma referência ao chamamento universal à santidade, porquanto «os jovens pediram bem alto uma Igreja autêntica, luminosa, transparente, alegre: só uma Igreja de santos pode estar à altura de tais pedidos».
Após a conferência, ainda houve tempo para um breve diálogo entre os presentes e o orador, antes de ser anunciada a próxima sessão do ciclo, ainda dedicada à juventude, a ter lugar no dia 5 de fevereiro de 2019, às 21 horas. No contexto do Sínodo e das Jornadas Mundiais da Juventude, será visionado o documentário Francisco e os que buscam o futuro, introduzido e comentado pelo P. Jorge Nunes, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil.