Tijuana tornou-se, há umas semanas atrás, a cidade mexicana mais referida na Comunicação Social.
Por António José da Silva
Falamos de uma cidade que em termos municipais abarca mais de um milhão e meio de habitantes e que, do ponto de vista de organização eclesiástica, foi elevada ainda recentemente à condição de arquidiocese. Tudo isto para lembrar que não se trata de uma comunidade menor, embora não tenha merecido até há pouco, e ao contrário de outras cidades, um particular interesse dos Media. E dizemos até há pouco tempo, porque esse interesse cresceu substancialmente a partir da altura em que começou a movimentar-se a famosa caravana de migrantes centro-americanos que pretendiam chegar aos Estados Unidos, para fugir às amargas condições sociais em que viviam nos seus países, como é o caso, entre outros, das Honduras, da Guatemala e de El Salvador.
Tijuana situa-se junto à fronteira do México com os Estados Unidos, pelo que se tornou um ponto de passagem para todos aqueles que, na América Central, acalentam o sonho de viver num país onde poderiam ter a oportunidade de construir uma vida melhor. A proximidade da fronteira dava mais força a um sonho que muitos dos seus conterrâneos já haviam conseguido realizar.
Só que, em 2016, os norte-americanos escolheram um novo presidente e este não deixou dúvidas acerca das alterações que iria introduzir na política migratória do seu governo. Dando cumprimento a promessas feitas durante a campanha, Donald Trump tornou essa política muito mais restritiva, pelo que a hipótese de atingir o tão ansiado sonho americano iria tornar-se muito mais difícil de alcançar.
Temendo que as alterações defendidas pelo novo presidente se concretizassem e se tornassem irreversíveis, milhares de centro-americanos, homens e mulheres, novos e velhos, começaram a juntar-se e iniciaram, em S. Pedro de Sula, nas Honduras, uma longa caminhada, rumo à conquista do sonho.
Talvez estivessem convencidos de que seria impossível a qualquer governo resistir à força mediática de uma invasão pacífica, protagonizada por uma enorme multidão que apenas reclamava pela abertura de fronteiras. As imagens desta nova peregrinação chegaram diariamente a nossas casas. Só que, pelo menos até agora, as fronteiras não se abriram, o que transformou o caminho desta caravana de migrantes num problema grave que a cidade de Tijuana tem procurado evitar, mesmo sem grandes possibilidades, que se transforme numa enorme tragédia humanitária. Uma ameaça que a grande Comunicação Social parece ter esquecido em pouco tempo.