Por Lino Maia
Entre o Convento de Pombeiro e Caramos, em S. Miguel de Varziela, no concelho de Felgueiras, uma imagem de Nossa Senhora terá sido encontrada no século XV por uns pastorinhos numa gruta sobre um monte grande de pedras. Seria uma imagem provavelmente ali guardada em tempos idos.
Ato contínuo, uma capela ali foi erguida para sua veneração. Logo que a imagem foi colocada sobre o altar, muita gente começou a acorrer àquele lugar sagrado. Muitos crentes e muito especialmente muitas mães em dificuldade e alguns soldados antes de partir para a guerra ali vinham pedir o amparo de Nossa Senhora da Pedra (ou Senhora do Amparo).
Muita veneração, algum culto, muita devoção e também algumas esmolas ali se concentravam. Assim se foi justificando a constituição da Confraria de Nossa Senhora de Pedra Maria.
Entre os bens doados ao longo dos anos, havia uma casa que foi servindo de asilo. Porém, com o tempo, mesmo depois de ter acolhido alguns moradores, esse edifício foi-se degradando.
Atenta às necessidades locais e reconhecendo que os bens são bem quando estão ao serviço do bem de cada um e do maior número de pessoas, prosseguindo na sua missão de valorizar os seus espaços, a Confraria decidiu converter aquele antigo asilo numa instituição com respostas sociais para o serviço da comunidade local. Um seu membro orientou a reabilitação harmónica do edifício. D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto e, também ele, um ilustre felgueirense, erigiu canonicamente o Centro Social Nossa Senhora de Pedra Maria. Ele mesmo foi inaugurar o remodelado espaço em 21 de Outubro de 2000 que, logo depois, abriu as suas portas à comunidade local e envolvente.
Agora, com cerca de 300 irmãos, a Confraria é também a “proprietária” do Centro, cuja forma jurídica o define como um Instituto de Organização Religiosa. Os órgãos sociais são eleitos entre os seus irmãos. Presentemente, o seu presidente é António da Costa Ferreira, um dedicado comerciante com especial vocação e sensibilidade para as causas sociais. O pároco de Varziela, Padre Francisco Rodrigues, acompanha a atividade do Centro, presta-lhe todo o apoio pastoral, celebra na Capela e integra o seu culto, nomeadamente a sua festa que ali periodicamente se realiza, numa dinâmica comunitária,.
São três as suas respostas sociais: Creche (39 crianças), Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário, com 30 e 20 utentes, respetivamente. Um grupo de 20 trabalhadores presta um bom serviço. Uma Confraria reconhece-se e vê-se envolvida. Uma direção dedica-se. E toda uma comunidade beneficia.
É uma constante: ao longo dos tempos, o verdadeiro culto também se testemunha e também se exprime numa caridade ativa. Certamente é o que se vive à volta de Nossa Senhora de Pedra Maria com uma zelosa Confraria.
Talvez aí se encontre uma boa inspiração para alguns centros sociais paroquiais…