“As pessoas esperam que o padre seja um homem de esperança”

O diácono João Pedro Ribeiro tem 31 anos e é natural de Sequeirô em Santo Tirso. Após um percurso académico e profissional, disse sim ao chamamento para a vida sacerdotal. Frequentou o Seminário Maior do Porto desde 2011 e será ordenado presbítero no dia 8 de dezembro. Em entrevista dá a conhecer o caminho percorrido

Por Rui Saraiva

P: Quando é que o seu amor a Cristo passou a ser chamamento para a vida sacerdotal?

R: A questão vocacional colocou-se com particular intensidade no final do meu percurso académico. No meu discernimento vocacional tive o privilégio de contar com a experiência e a sabedoria do meu diretor espiritual, que me ajudou a afinar o “ouvido” interior, a apurar os sentidos espirituais. O testemunho cristão e sacerdotal que recebi dos meus párocos cativou-me a responder sem medo às inquietações que ia sentindo. O chamamento à vida sacerdotal é um processo de amadurecimento e, enquanto tal, nunca pode ser dado como concluído. Queira Deus que eu vá respondendo sempre com verdade e caridade à Sua vontade.

P: Qual foi a importância da família na sua decisão vocacional?

R: Os meus familiares mais próximos, pais, avós e tios, procuraram sempre educar-me nos valores cristãos e assumiram com seriedade o compromisso firmado no dia do meu batismo: o de serem para mim pedagogos na fé. Com os meus pais e avós aprendi a rezar, com eles habituei-me a participar na Eucaristia, deles recebi lições de serviço ao próximo. Cresci na Igreja e, em contexto familiar e eclesial, fui refletindo sobre qual seria a minha vocação. Sei que a minha mãe, há já muitos anos, me colocou sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima. Creio que a oração de uma mãe é preciosa.

P: Como foi o seu percurso de vida até chegar ao Seminário?

R: Passei a minha infância e adolescência em Sequeirô e em Santo Tirso. Fiz o ensino secundário no Porto e, entre 2005 e 2010, frequentei a universidade. Tive a oportunidade de trabalhar em duas excelentes empresas, primeiramente na Nespresso (que pertence à Nestlé) e, depois, na Petratex, empresa têxtil sediada em Carvalhosa (Paços de Ferreira). Fui recebido no Seminário Maior do Porto em 2011. Em 2017 fui ordenado diácono.

P: Partilhe connosco alguns aspetos que o cativaram na experiência do Seminário…

R: A camaradagem que se estabelece entre os alunos e formadores, a experiência de oração, trabalho e convívio numa comunidade que procura servir a Deus e ao próximo ao jeito de Jesus. Gostei particularmente da minha experiência de estágio pastoral na paróquia de Sto. António das Antas, no 5º e no 6º ano de formação.

P: Como tem sido a sua experiência de Diácono nas paróquias de Arreigada, Ferreira e Frazão em Paços de Ferreira?

R: Tem sido uma experiência muito positiva e enriquecedora. O Povo de Deus que encontrei nestas paróquias e o meu orientador de estágio, o Padre Samuel Guedes, acolheram-me com muita amizade. Estou feliz pela oportunidade que me foi concedida pelo Senhor D. Manuel Linda. Por tudo isto dou graças a Deus.

P: Para si o que é ser padre hoje?

R: O padre hoje tem de se esforçar por estar perto de Deus e próximo do Seu Povo. Tem de ter uma grande capacidade de escuta e viver com simplicidade. As pessoas esperam que o padre seja um homem de esperança, que assuma o Evangelho como programa de vida, que lhes fale de Jesus e que reze ao bom Deus por elas. O padre deve servir com alegria e ser um homem «de comunhão», especialmente perante as tribulações da História e os momentos de provação pessoal.

 

O Diácono João Pedro Ribeiro em discurso direto

Uma leitura que o tenha marcado: O Evangelho segundo S. João e a Carta de S. Paulo aos Romanos pertencem a uma categoria à parte: são textos sublimes. Recentemente gostei de ler “O Rei dos Álamos” de Michel Tournier.

Uma canção ou música especial: O hino do Futebol Clube do Porto, a 3ª sinfonia de Beethoven e a música dos Pink Floyd.

Filme favorito: “Apocalypse Now” de Francis Ford Coppola.

Local de oração preferido: Presentemente, as igrejas paroquiais e capelas de Arreigada, Ferreira e Frazão.

Uma personalidade da Igreja que o tenha influenciado: os meus párocos e os meus orientadores de estágio.