
Por Joaquim Armindo
A Assembleia extraordinária dos bispos vai reunir-se em 2019, com o tema “Novos Caminhos para uma Igreja e uma ecologia integral”, tendo como pano de fundo a Amazónia, pulmão ambiental do planeta e tão duramente castigada. Aquilo que se reflete na Amazónia, passa-se em todas as “amazónias” dos países, das dioceses e dos corações. Por isso, o documento preparatório refere que a Amazónia sendo rica na biodiversidade, nas suas dimensões étnicas, culturais e religiosas, é um espelho de toda a Humanidade, que exige da Igreja e das cristãs e dos cristãos, mudanças estruturais.
A Igreja tem de estar pronta a “romper com estruturas que sacrificam a vida e com as mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e interculturalidade”. A Igreja tem de perceber a construção de um “futuro tranquilo” e um “bem viver”, e como aquelas populações agem, referencia o documento, com três partes: o Ver-Discernir-Agir. “Nós que não habitamos nestas terras, precisamos das vossas sabedorias e dos vossos conhecimentos, … para ouvir as palavras do Senhor a Moisés: tira as tuas sandálias, porque o chão que pisas é sagrado” (Papa Francisco).
O crescimento desmedido de algumas atividades como os madeireiros, agropecuárias e extração de matérias-primas, empobreceu a riqueza social e cultural da Amazónia, forçando ao um desenvolvimento nem “integral”, nem “inclusivo”, como um beijo-de-Judas, dada às populações indígenas.
Mas a sua capacidade de organização e avanço têm sido notáveis, na defesa das suas culturas e dos problemas ambientais. Aí, também a Igreja tem apresentado um Jesus encarnado na sua história; sente-se, contudo, a necessidade de ir para além, sendo profética e caminhante na defesa da Casa Comum.
Nesta Europa e no nosso País é necessário este desenvolvimento integral em defesa de todos os seres vivos, das mulheres e dos homens, para um “bem-viver”, até porque o “ter-viver”, tem sido o seu apanágio e cada vez mais se sente o desprezo pela Criação. Esta assembleia episcopal sobre a Amazónia vai tornar-se uma caminhada segura, para todos nós. Hoje aqui, também é Amazónia. Hoje aqui, também é chão sagrado. Uma Igreja ao serviço de uma ecologia integral, precisa-se.29