
A 4 de dezembro, às 21 horas, no Centro de Cultura Católica, prossegue o ciclo A Igreja em saída: Viagem pela Igreja de Francisco, organizado pelo CCC, conjuntamente com a Formação do Diaconado Permanente e o Secretariado Diocesano das Missões, em sintonia com o lema do ano 2018/2019 e no contexto do Ano Missionário especial (outubro de 2018-outubro de 2019). O ciclo apresenta o estilo pastoral do papa Francisco e o seu modo de ver a missão da Igreja, recorrendo a documentários comentados. Na próxima sessão será projetado o documentário Maria Madalena: As mulheres na Igreja. A Ir. Maria Filomena Reis, professora de Teologia Pastoral no CCC, introduzirá e comentará o documentário.
O tema é caro ao papa Francisco. Por desejo expresso dele, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos elevou em 2017 à categoria de festa a celebração anual de Santa Maria Madalena. «A decisão inscreve-se no atual contexto eclesial, que exorta a refletir profundamente sobre a dignidade da mulher, a nova evangelização e a grandeza do mistério da misericórdia divina» – Reporta a Apostolorum apostola da referida Congregação. Maria Madalena anunciou primeiramente a Páscoa de Jesus, e o prefácio criado para a nova festa apelida-a de «apóstola dos apóstolos». Convicto de que o génio feminino precisa de estar mais presente e ser mais valorizado na Igreja, o mesmo papa Francisco já expressara o seu lamento em 2013 pelo facto de o serviço da mulher da Igreja, por vezes, resvalar para a servidão. Em 2016 viria a criar uma comissão para estudar a possibilidade de haver mulher ordenadas no grau do diaconado.
O documentário que vai ser projetado foi realizado pouco depois do início do pontificado de Francisco, mas já reflete a sua sensibilidade sobre o papel da mulher da Igreja, tema em que também se pode concretizar o desiderato de uma Igreja em saída.
Segundo o anuário estatístico da Igreja católica anterior à realização do documentário, os sacerdotes eram pouco mais de 400.000, enquanto as religiosas iam bem além das 700.000, sem considerar as monjas contemplativas. São muitas, mas carecem de poder jurídico e de decisão. No passado, nem sempre foi bem assim. Jesus estabeleceu com as mulheres uma relação de paridade e na Igreja primitiva tinham um papel de primeiro plano. Fala-se mesmo de diaconisas, mesmo se porventura com uma configuração própria e distinta do diaconado masculino.
Como evoluiu a relação entre as mulheres e a Igreja católica? O que desejam hoje as religiosas católicas? O documentário traça um percurso pelas grandes figuras femininas que marcaram a história da Igreja. Santa Clara de Assis, que no século XIII funda a ordem monástica das clarissas e estabelece uma regra de pobreza absoluta, hoje seguida por cerca de 20.000 monjas em todo o mundo. Ou Chiara Lubich, a carismática fundadora do Movimentos dos Focolares, sem esquecer o papel das mulheres da Ação Católica. Uma viagem pelos mosteiros, pelos lugares de oração como o ermitério franciscano de Campello, em Itália, fundado nos anos 20 pela Ir. Maria, onde quatro irmãs vivem juntas sem água corrente e eletricidade, ou o mosteiro das clarissas de Camerino, que depois do terramoto de 1997 trabalharam arduamente para reconstruirem o edifício.
Maria Madalena: As mulheres na Igreja é uma viagem que revela aquela parte da Igreja que muitas vezes não se sente escutada e que assumiria com bons olhos papeis de responsabilidade eclesial. Assim o expressam as religiosas americanas da Leadership Conference of Women Religious, a poderosa organização que reúne 80% das quase 60.000 religiosas americanas, que, em 2008, foi investigada pela Santa Sé, em razão das suas posições sobre temas como o aborto, a eutanásia e o sacerdócio feminino.
O documentário traz-nos uma cuidadosa investigação histórica que recorda os momentos mais significativos da relação entre as mulheres e a Santa Sé: a Pacem in terris de João XXIII; o II Concílio do Vaticano em que participaram 23 mulheres; o livre acesso das mulheres aos estudos em teologia até ao concílio proibido; a Mulieris dignitatem ou a carta Ordenatio sacerdotalis de João Paulo II que proíbe definitivamente o sacerdócio feminino; a relação com o feminismo ou o “pensamento de género”; as primeiras nomeações de mulheres subsecretárias em papeis de responsabilidade no governo da Igreja.
Um relato rigoroso e sereno, suportado por vozes eminentes: D. Vincenzo Paglia, então presidente do Conselho Pontifício para a Família; Mons. Ermenigildo Manicardi, teólogo que estudou as mulheres na Sagrada Escritura, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana; Marinellla Perroni, teóloga italiana, professora no Pontifício Ateneu Santo Anselmo; Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares; Flaminia Giovanelli, então subsecretaria da Conselho Pontifício Justiça e Paz, hoje do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que agregou aquele; a abadessa das monjas clarissas da Camerino; as irmãs do ermitério de Campello; as irmãs americanas da Leadership Conference of Women Religious. A entrada é livre, não sendo necessária qualquer inscrição.