
Por Joaquim Armindo
“Pode esta instituição secular corresponder às exigências eclesiológicas e pastorais dos tempos de hoje? Quais as suas virtualidades e limites? Como concretizar e prosseguir a renovação da paróquia?” – estas perguntas são deixadas à nossa reflexão, pelo interessante trabalho do Cónego Adélio Abreu, no artigo “A Paróquia na História. Elementos para uma visão de conjunto”, publicado no último número da revista “Humanística e Teologia”. Antes das perguntas atrás deixadas e que terminam o artigo, socorre-se de Casiano Floristán, que sobre a paróquia refere “O desafio prioritário da paróquia tem sido, portanto, a passagem de uma pastoral de conservação e uma de missão: para dialogar com crentes e não crentes; acolher a todos, a partir dos últimos: interagir com outras entidades e instituições presentes no território; dialogar com as outras fés; tornar tangível, num lugar, a presença e a mensagem do ressuscitado.” O texto do Cónego Adélio Abreu explica através da história como chega a todas as interrogações que coloca, constituindo um contributo essencial para podermos todas e todos caminhar para a comunidade eclesial.
Uma comunidade eclesial – paróquia -, não pode ser uma organizadora de eventos – diz o papa Francisco -, que anda de reunião em reunião e de reuniões para preparação de reuniões, isso desbota a “missão” e realiza-se na “conservação”. Conservar, conserve-se as instalações e a arte, mas conservar de “conservador” é um deleite de amorfismo, de poderes instalados, sejam quais forem, mesmo religiosos, porque também há “poderes religiosos” e muitos. Claro que ao conservar a arte ou as instalações, não significa uma nova disciplina de “teologia de construção civil”, estes construtores [da construção civil], existem e muitos e bons, são leigos, mas da “poda” sabem eles.
A missão é outra, aquela que é “mensagem do ressuscitado”, que sabe das 99 ovelhas, e vai atrás da ovelha que se perdeu, porque a conhece pelo nome, não a abandona. O “conhecer pelo nome”, é saber o que vai por dentro de cada pessoa e estar lá, não é o abandono inconsequente e bastardo. Somos tantos em cada paróquia, que o “isso é lá com ele”, constitui a frase mais precisa para o abandono dos que mais precisam: os últimos.